Tuesday, May 10, 2011

Entrevista Roosevelt.

 Entrevista


Roosevelt, 64 anos um grande amigo, que nos concedeu, essa grande entrevista, onde respondeu assuntos, de relevância ambientais nas esferas políticas, sociais e cultura. dentre as perguntas respondidas, acredito que todos vão conhecer o trabalho fantástico desenvolvido na área de Percepção Ambiental, realizado pelo NEPA.

Roosevelt. Tenho 64 anos – cerca de 30 deles envolvidos diretamente com Meio Ambiente – e admitido que estamos evoluindo no que concerne aos diferentes aspectos da área ambiental. Minha preocupação está ligada – e por este motivo criamos o NEPA, para avaliar o nível de percepção ambiental (e social) em segmentos formadores de opinião – a velocidade diferenciada que se observa entre a conscientização da sociedade (lenta) e a velocidade de agressão (irreversível e rápida) ao meio ambiente. Ou seja, estamos caminhando para um ponto onde (possivelmente) não tenhamos mais como equilibrar as duas velocidades. 

Vamos as perguntas:

1.      O Que é o NEPA?

O Núcleo de Estudos em percepção ambiental foi criado originalmente para oferecer a meus alunos de Engenharia uma opção de desenvolver pesquisas ligadas à área ambiental, bem como seduzir professores a assumir esta área como ponto único ou de apoio nos trabalhos que orientam. Mantivemos o NEPA durante anos com esta atividade sem ter recebido da instituição de ensino o apoio merecido, apesar da mesma ter “comemorado junto” os seguidos sucessos do núcleo (prêmios, divulgação na mídia, etc.). Desde junho, desligado dessa instituição, o NEPA passou a ser um grupo (mantendo a filosofia do “sem fins lucrativos”) voltado ao apoio de estudantes de nível superior (independente de qual instituição estejam ligados) voltado ao estudo do uso da percepção ambiental como instrumento de gestão nas áreas educacional e ambiental. O acervo de pesquisas desenvolvidas pelo NEPA – Brasil e exterior – pode ser acessado emwww.pluridoc.com e, em seguida, pesquisando “roosevelt  s. fernandes”. O NEPA está aberto a apoiar pesquisas – ligadas ao uso do instrumento “percepção ambiental”, sendo o contato para isso roosevelt@ebrnet.com.br.

2.      Em sua concepção a Política é o Reflexo da Sociedade?

A Política “procura” ser o reflexo da sociedade, mas, em muitas das vezes, acaba representando o interesse de grupos. Isso ocorre por vários motivos, sendo que destacamos um exemplo, na área ambiental, que é o ato de excluir (ou deixar que isso ocorra) a sociedade das grandes decisões, sob o pretexto de que ela não tem interesse ou não tem condições de opinar. Um exemplo comprovado em pesquisas do NEPA é o fato de que a sociedade “se diz muito motivada pela temática das Mudanças Climáticas”, mas enfrenta dificuldades em “explicar para o que está motivada”. Um conhecimento superficial sobre um tema importante, que vai gerar ações significativas a serem assumidas pela sociedade, mas que esta “ainda” não sabe o real teor. Parecido com o caso dos que são considerados formados, pelo simples fato de saberem assinar o nome. Neste caso, em relação ao exemplo dado, o assunto continua sendo discutido por cientistas, ambientalistas, empresas, políticos e outras minorias, enquanto a sociedade simplesmente observa.

3.      Meio Ambiente, hoje esta na moda, mais qual a real percepção das Pessoas sobre a abrangência do tema Meio Ambiente?

Vamos a alguns exemplos, todos observados através de pesquisas desenvolvidas pelo NEPA:

·        As Audiências Públicas são o grande fórum das discussões ambientais, mas o índice de entrevistados que assume ter participado de um é quase que nenhum – ou seja, qual está sendo hoje, realmente, o público presente nas Audiências Públicas?
·         As autoridades da área da Educação enaltecem as iniciativas nas escolas de programas de Coleta Seletiva, mas os estudantes entrevistados admitem que tal prática só será assumida pela sociedade se for através de uma obrigação legal – Qual a eficácia de tais iniciativas nas escolas se isso não consegue evoluir e chegue até as famílias?
·        Os educadores defendem a tese que os assuntos de Meio Ambiente devem ser distribuídos ao longo de todas as disciplinas, mas os estudantes entrevistados defendem a  tese de que preferem uma disciplina específica – O que deve nortear exatamente este ponto?
·        A maioria das escolas desenvolvem suas atividades ligadas ao Meio Ambiente em ações internas, enquanto os estudantes entrevistados evidenciam que estas ações deveriam envolver as comunidades do entorno – o que fazer para que, de forma efetiva, isso passe a ser uma realidade?
·        As organizações não governamentais com objetivos ambientais tentam se aproximar das escolas, muitas até tem forte interação com elas, mas os estudantes entrevistados dizem que não conhecem estas ONGs – como estar presente sem ser visto ou percebido?
·        As escolas desenvolvem várias ações na área do uso racional da água, mas os estudantes entrevistados não sabem que é a Agricultura que consome mais água; explicitam o abastecimento público como o maior consumidor de água – quem está avaliando a eficácia das ações de EA que as escolas adotam (ou seja, a mudança positiva do nível de percepção ambiental da sociedade)?

Poderíamos citar vários outros exemplos, mas os mencionados já são suficientes para entender que “não basta oferecer programas de EA para a sociedade” – isso é necessário, mas não suficiente – se não adotamos uma forma de verificar se , realmente, tais programas estão influindo positivamente na mudança do perfil de percepção ambiental da mesma. Avaliar a eficácia de programas de EA com o número de cartilhas distribuídas, aparições na mídia, lanches oferecidos, alunos e professores envolvidos, etc. são parte da avaliação, mas não são indicadores reais de “resultados”. Apenas um ponto para reflexão: dos programas de EA que você conhece, quantos tinham inseridos no seu escopo alternativa de avaliação de seus resultados que não sem os “tradicionais relatórios de resultados”. Esta é a meta do NEPA desde que foi criado.

4.      Qual o papel de um cidadão Hoje, tendo em vista a melhora de qualidade de vida, onde minha qualidade de vida não é a mesma que de um outro individuo?

O papel é claro; muitos se dedicam a explicitar tais aspectos. Mas é muito pequeno o número daqueles que sugerem (e apóiam) formas de que esta participação seja consolidada. Usando ainda pesquisas do NEPA, a sociedade “admite que tem papel importante nesse contexto”, mas “admite que não está sendo ouvida”. Ou seja, quando a própria sociedade admite que está de fora de decisões que deveria estar dentro, reconhecendo o fato como uma realidade no dia-a-dia, as observações passam a ser preocupações. Uma sociedade (tendo como foco as informações de Meio Ambiente) que não lê regularmente jornais e não acessa Internet nessa linha de conhecimento, como pode estar preparada para ser um "Cidadão ambientalmente responsável"? Uma sociedade que admite que (tendo como base os últimos dois anos) não participou de nenhum evento ligado ao Meio Ambiente caracteriza uma falta de motivação para este tipo de participação ou o fato de que estas iniciativas não estão sendo oferecidas a sociedade? Ainda na linha da avaliação da percepção ambiental da sociedade frente ao conhecimento da legislação ambiental básica, os resultados obtidos pelo NEPA foram passíveis de muita reflexão. Resultado (diagnósticos) existem, mas o que se fez no sentido de minimizar (pelo menos) o problema?

5.      Quantos livros o senhor já escreveu?

Nenhum. Ajudei a estruturação de alguns, fui capítulo em outros, mas admito que estou devendo a sociedade um texto que faça uma análise consolidada de todas as pesquisas desenvolvidas pelo NEPA. Voltado ao desenvolvimento de novas pesquisas – por exemplo estamos realizando uma para a Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES) voltada ao estudo da percepção ambiental do produtor rural do Estado – acabamos por protelar a “obrigação passada” frente as novas obrigações. Mas acredito que estou evoluindo pois nunca havia admitido (por escrito) que estou em débito nessa área.

6.      Sabe-se o Nível de Educação que temos nas Instituições Acadêmicas de Nível Superior, sobre a realidade e a fantasia que envolve o Meio Ambiente?

Novamente, lanço mão de pesquisa do NEPA para responder este assunto. Lançamos em âmbito nacional da proposta de criação do ENADE AMBIENTAL, uma proposta não compulsória que as instituições de ensino superior responsáveis deveriam adotar para conhecer o perfil ambiental dos formados que colocam no mercado de trabalho e, certamente, a partir dos pontos negativos encontrados de formação ambiental, acionar ações corretivas para eliminá-los. Desenvolvemos a aplicação da metodologia em duas áreas (cursos de Administração e Engenharias), reforçando a importância da proposta. Necessário dizer que a proposta teve como base o banco de dados do NEPA, com estudantes do nível superior (bem como professores), relacionado a pesquisas realizadas. Ou seja, nosso papel (NEPA) de apenas não ser um crítico da área que pesquisamos, mas sim oferecer alternativas para tentar (pelo menos) equacionar os problemas identificados.

7.      O Protocolo de Kyoto, expira em 2012, qual o Rumo a ser seguido, haverá um novo acordo em sua Opinião?

Novos “Acordos” vão ocorrer; o importante é saber quando os grandes emissores do mundo (= grandes potencias econômicas) vão assumir a sua parte do problema, ao invés de sugerir ações de compensação para os países não desenvolvidos. Na realidade este assunto, por sua complexidade e facetas, demandaria um tempo muito longo para sua a análise.

8.      Em uma entrevista sua, você falou de uma realização profissional no exterior? Poderia nos contar como foi essa experiência?

Formado a mais de 30 anos – mais ainda aprendendo todos os dias / felizmente – ou sei solicitar a então diretoria da Vale do Rio Doce para fazer uma especialização de Engenharia Ambiental no Japão, em uma época onde o assunto era visto de forma “poética por muitos”. Como prova de que sempre existirão “diretores de visão nas empresas”, fui autorizado a fazê-lo. A empresa ganhou muito (na situação abriu áreas novas para a discussão do assunto na empresa) e eu consegui consolidar um sonho, ou seja, ampliar conhecimentos e poder contribuir de forma mais objetiva para as ações ambientais (da empresa e as minhas) no contexto do Meio Ambiente. Inclusive, desenvolvi minha tese de Mestrado, voltada especificamente a um problema da empresa, decorrente do arraste de minério em vagões na Estrada de Ferro Vitória Minas, bem como em pilhas de estocagem no Terminal de Tubarão, perdas estas que além de representar uma “perda econômica”, tinham reflexos sensíveis na área ambiental. Ou seja, para todas as oportunidades que recebi, sempre aceitei o desafio de transformar “conhecimento adquirido” em “ações concretas”; neste estudo desenvolvemos e patenteamos três opções de contenção de minério frente ao arraste pelo vento (dextrina, glucose e leite de cal). Quero enaltecer a sensibilidade da empresa (CVRD) em uma época onde o assunto ainda não tinha nenhum apelo significativo em assumir o mesmo, o que justifica hoje a empresa ser um exemplo nas atividades que desenvolve, particularmente em se tratando de um campo – mineração – onde os impactos ambientais são significativos.

9. O Blog é uma Forma de Atingir vários Públicos, assim sendo, o Senhor com 30 anos de experiência, na temática Meio Ambiente, Analisa como a Responsabilidade Sócio-Ambiental hoje?

Os blogs tem um excelente poder de informar (alguns tentam “desinformar”, mas são minoria e estão vinculados a interesses não confessáveis) e devem ser usados, particularmente àqueles que apresentam TRANSPARÊNCIA e QUALIDADE NAS INFORMAÇÕES. Infelizmente, como se pode perceber das pesquisas com estudantes do NEPA – fundamental / médio / médio técnico / superior – são Infelizmente) fontes de acesso deste grupo, particularmente no que diz respeito a INFORMAÇÕES AMBIENTAIS.

10. O Código Florestal está em Pauta, querem mudar a Legislação Atual? Qual sua Opinião Sobre o Tema?

Um assunto estritamente técnico que se transformou em uma briga política. Um documento importante que poderá ser decidido fora do plenário da Câmara e do Senado. A sociedade, neste processo, mero observadores das notícias. O que ela ganha, o que ela perde, passa a ser aspecto de segunda relevância. Não resta dúvida que o Código tem que ser ajustado (é premente este ajuste), mas que este ajuste fosse realizado em dois estágios; um no âmbito FEDERAL para a definição das “regras gerais” e outro nos ESTADOS de modo a adequar a realidade geográfica de cada um deles.
Bom senso, mas que, nestas horas, parece que desaparece.
Prefiro esperar o desfecho para analisar o que realmente será feito.
Já tem gente demais se especializando em fazer conjecturas sobre o terma em discussão.
Não vou contribuir muito entrando neste grupo.


11. A Educação Ambiental, Hoje tem mais força, no âmbito formal ou informal? Formal em escolas, informal em toda comunidade.

Na EA nas escolas ainda vive, ao nosso ver, o foco do século XXI: quanto mais EA melhor, programas implantados sem estarem baseados em pré diagnósticos de percepção ambiental (prévia) do segmento a ser oferecido o programa, sem critérios definidos de avaliação de sua eficácia que não sejam os “tradicionais” relatórios de “resultados”, sem a obrigação de envolver a escola com as comunidades no entorno das escolas, sem a prévia discussão com os alunos de modo a (tentar) ouvir o que eles pensam a respeito Dio que será oferecido, etc. ........................ poderia fazer uma longas relação de pontos; mas acho so indicados bem representativos.

12. Qual o grau de realidade das pessoas, quando o assunto é sustentabilidade todos tem a real certeza do que é ser sustentável? 

Acredito que esta pergunta já foi bastante explicitada nos exemplos anteriores. Isso não quer dizer que a sociedade não tem conhecimento do assunto – em alguns casos parece ser o suficiente para dizer que “conhece” – mas falta (em alguns assuntos, de forma crítica) a condição de exercer no dia-a-dia este “conhecimento”. Nossa visão não é, nem poderia ser, pessimista, mas acho que se coloco na posição de um otimista com algumas preocupações. De quem é a culpa? São muitas as causas, mas me prendo a uma delas: de estarmos muito interessados na leitura de diagnósticos, mas sem quase nenhuma ação na área da correção das inconformidades identificadas. Lembro de um caso real, ocorrido em um evento internacional de meio ambiente ocorrido no Rio: sentados à mesa um grupo de especialistas na área; depois de quase duas horas de falas recheadas de termos técnicos e alguma linguagem cifrada, alguém na platéia desabafou; era um mateiro da Amazônia que estava presente ao evento (trazido por uma ONG) – falou: “até agora não entendi nada do que vocês falaram, mas entendi o motivo de que quando vocês querem entrar na mata precisam levar um mateiro, caso contrário não sairão dela, apesar de todo o conhecimento que posam ter. Admito que não é bem assim, mas não posso deixar  de pensar na mensagem dada a todos os presentes. Tão importante que até hoje lembro do episódio.

13. Roosevelt, faz parte do CONSEMA, Explique-nos qual a Função desse Departamento?

Sou Vice Presidente do Conselho de Meio Ambiente da federação das Indústrias do ES (FINDES), Consultor Técnico do Conselho de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Federação da Agricultura do Estado do ES (FAES), Membro do Conselho de Meio Ambiente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Membro dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente e do Estadual de Recursos Hídricos (ES), Membro do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas (ES), entre as indicações mais representativas. E a indicação que mais prezo, dado sua origem / dificuldades: Criador e coordenador do NEPA.

14. Sua Primeira Tese, foi uma das Pioneiras no Brasil, sobre Meio Ambiente pela empresa Vale, em Ano se sucedeu, qual sua satisfação quanto uma pesquisa com um tema tão sério, quanto o Meio Ambiente?

Foi uma das duas teses pioneiras (originadas na COPPE – UFRJ) ligada a temática ambiental. A outra tratava de minimização do teor de enxofre no carvão mineral nacional. Ambas as teses geraram tecnologias novas e, consequentemente, registro de patentes.

15. O NEPA, representou e representa, exatamente o que em sua vida?

Um sonho (para mim de grande potencial) que foi ignorado pela instituição de ensino onde estava na época, que com o aparecimento dos primeiros sucessos (prêmios recebidos, convites para participação em eventos internacionais, convênio com o MEC, convênio com o MMA, pesquisa realizada no exterior, ....) passou a ter interesse em apenas usar os resultados do NEPA para “vende-los como diferencial da instituição em relação a outras”. Posição pessoal de obter todos os recursos financeiros necessários para a manutenção do NEPA de empresas de grande porte localizadas no ES – VALE, FÍBRIA, SAMARCO MINERAÇÃO, BRASITÁLIA, ARCELORMITTAL – e, ao fim, de forma independente, ainda hoje estar INDEPENDENTEMENTE mantendo (na plenitude) as pesquisas do NEPA. Já ocupei cargos importantes em várias empresas; todos são valiosos dentro do meu contexto profissional. Entretanto, o cargo (se é que posso chamar de cargo) mais desafiador de todos foi vencer foi CRIAR e MANTER o NEPA.

Agradecimento: Sou grato, ao Senhor Roosevelt, que proporcionou a primeira entrevista no blog, onde buscou-se a mesma um olhar crítico, de um assunto de âmbito social, econômico e ambiental. Essa entrevista contribuiu para a reflexão de como a sociedade se relaciona com temas tão importante como a Educação.


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