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Sunday, December 2, 2012

Entrevista : Coletivo Curupira.


O blog têm objetivos diversos e difusos quanto ferramenta de comunicação. Entretanto, viabilizar e comunicar de uma forma política e crítica é uma tarefa árdua.  
Para tanto é preciso parceiros... Esta Entrevista é especial, grande companheiro de movimentos pró Florestas em Pé, companheiro de diversas lutas e causas ambientais, com grande prazer e imensa satisfação!!!

Coletivo Curupira - São Paulo SP
Unir o Povo e a Natureza é Juntar o Melhor do Brasil”
J.A. Santos Prata - 2012NOV25

1) O que é o Coletivo Curupira ? Quando surgiu?
O Coletivo Curupira é uma iniciativa independente da sociedade civil, e se reúne em grupos de estudo, pesquisa e ação direta com ênfase na transversalidade política dos temas sócio-ambientais.
Apoiemos as iniciativas ambientais de âmbito restrito, por exemplo a coleta seletiva de resíduos sólidos e hortas comunitárias urbanas, mas entendemos que a temática Ambiental deverá contemplar tanto elementos Econômicos como Culturais e Sociais, além dos propriamente Ambientais.
Visando a máxima diversidade, os membros são livres para explorar linhas de pesquisa, desenvolver estudos e apresentar os resultados; o Coletivo reúne-se periodicamente para consolidar e balizar as linhas ideológicas desenvolvidas.
Pela própria transversalidade dos temas ambientais, os Curupiras atuam de forma política, porém sempre de maneira supra-partidária, embora alguns membros tenham sua militância. Alguns são docentes em vários campos de especialidade, e diversos têm participado de eventos e palestras com uma perspectiva ambiental.
O Coletivo reúne companheiros de tempos atrás, mas regularizou-se em 2011 perante as agressões contra os direitos Sócio-Ambientais desencadeadas no atual cenário de “re-primarização” da economia nacional, com o retrocesso à condição de exportadores de insumos primários (“commodities” minerais, agro-pecuárias, energéticas), a exemplo do ataque feroz dos congressistas “ruralistas” e aliados contra o Código Florestal Brasileiro.
Nosso primeiro evento público aconteceu em Maio de 2011, quando participamos da organização em São Paulo SP do Seminário Nacional sobre o Código Florestal, onde compareceram várias autoridades e atores políticos.
A título de exemplo, segue enlace para os vídeos do evento publicados na teia:

2011MAI07 3' SeminarioNacionalCodigoFlorestal
2) O Código Florestal atual é um atraso com as mudanças feitas para a manutenção das florestas em pé ? Ou os vetos garantem a sustentabilidade?
O Código Florestal pré-existente era muito mais protetor do meio ambiente.
Datava dos idos de 1934, com aditivos em 1965 e 1967, e acréscimos em 1988 com os direitos sócio-ambientais na “Constituição Cidadã”.
Naturalmente, era voltado às Áreas Rurais - uns 95% do País, contemplando um mínimo de APP Áreas de Preservação Permanente (várzeas, morros, encostas) e RL Reservas Legais com veto de corte raso (80% ou 50% na Amazonia Florestal, 35% na Amazonia Cerrado, 20% no restante do País), mas definia também as exceções para áreas urbanas e outros usos (mineração, energéticos) - nos demais 5% do território.
Também incentivava - conforme os Planos Diretores Municipais - a conserva de APP nas áreas urbanas, onde muitas vezes tais áreas - sem valor no “mercado” oficial - viram áreas de moradia popular precária, resultando em tragédias.
Não era um código perfeito e poderia ser cientificamente melhorado, mas o que se viu no Congresso foi um ataque frontal para:
a) anistiar infrações ambientais, fugir ao restauro da Flora Nativa e rolar a gigantesca dívida dos latifúndios improdutivos, por exemplo a pecuária extensiva, que desperdiça 200 Milhões de Hectare com a ridícula ocupação de Uma Cabeça por Hectare e o Agro-negócio, que ocupa uns 50 Milhões de Hectare para exportar “commodities” como soja e milho de ração animal, polpa de eucalipto para papel e carvão vegetal siderúrgico e outras.
b) reduzir as APP e RL, com a falsa alegação de beneficiar o “pequeno produtor”, quando - na realidade os agricultores familiares e camponeses, embora produzam três-quartos da comida humana, ocupam só uns 30 Milhões de Hectare.
Após os vetos da Presidente, uma vez que o Congresso deixou passar inúmeras monstruosidades no texto original, o atual Código ficou “menos pior”, mas assim mesmo se anistiaram infrações até Junho de 2008 (quando a ex-Ministra Marina Silva aplicara sanções), se reduziram APP (antes 30metro em cada margem dos menores rios, atualmente uma “escadinha” de margens menores, liberação de áreas para “lenhosas exóticas” - leia-se eucalipto e avanço nos mangues para carcinocultura - camaroneiras - e urbanização especulativa) e se reduziram as RL em “pequenas propriedades” até quatro módulos (na Amazonia chega a 400 Ha).
Ou seja, os vetos reduzem o estrago mas não garantem a sustentabilidade, nem para o próprio agro-negócio, o maior interessado em manter os “serviços” ambientais da floresta e a fertilidade dos solos, portanto vão querer continuar avançando, seja por compra ou pela habitual “grilagem”, sobre as áreas de mata. Que se cuidem as os Parques e Florestas Públicas, os Quilombolas e Indígenas.
3) Hoje existem muitas ONG. Elas têm feito o papel da sociedade civil de cobrar os direitos coletivos? O Coletivo Curupira tem parceria com alguma ONG? Porque?
Algumas ONG Organizações Não-Governamentais possuem uma boa atuação em favor dos direitos “sócio-ambientais” coletivos, que no próprio judiciário muitas vezes enfrentam uma difícil correlação de forças, afinal são “direitos difusos” relativamente recentes; outras ONG dependem de convênios com poderes privados ou públicos e vêem limitada sua liberdade de ação.
O Coletivo Curupira apoia as iniciativas ambientais das ONG independentes, mas não mantém “parceria” com nenhuma ONG.
4) ECO-92 o que se viu foram acordos até os dias de hoje não tão bem sucedidos, tais como Biodiversidade, Agenda-21 e Clima). Mudou-se o tema para RIO+20 - Economia Verde. O que avançou e regrediu nesse processo?
Os crescentes conflitos pelos recursos naturais escassos, tais como energéticos - em particular petróleo e gás - matérias primas tropicais, e agora o sol e a água, motivam iniciativas e conferências internacionais da ONU.
Podemos lembrar: Roma 71 Limites do Crescimento, Estocolmo 72 Eco-Desenvolvimento, Roma 76 Nova Ordem, Brandt 80 Fim da Pobreza, Brundtland 87 Futuro Comum, Rio-92 Carta da Terra & Agenda21, Kioto 97 Clima, Johanesburgo 2002  Sustentabilidade, Kopenhagen 2009 Desmatamento e afinal RIO+20: “Economia Verde”.
A Rio-ECO92, ao fim da “guerra fria”, obteve bons resultados, embora sem contestar as questões economicas de fundo - por exemplo, são brilhantes a Carta da Terra e Agenda-21 - porém com os avanços da etapa “neo-liberal” sobre os recursos primários a RIO+20 propôs um retrocesso ao restringir-se à “economia verde” e às oportunidades de negócio, descuidando dos elementos sociais, culturais e ambientais.
Felizmente, o evento paralelo da Cúpula dos Povos contrapôs-se a esse cenário e - a nosso ver - avançou na organização popular para apontar um horizonte sócio-ambiental mais amplo.
5) Qual é a maior luta hoje do Coletivo Curupira  em torno das Florestas Em Pé ?
Não falta terra para plantar. Ao contrário, bastaria triplicar a produtividade pecuária para a média de três cabeças por Hectare, e liberaríamos uns 140 Milhões Hectare, sendo 40 Milhões.Ha para restaurar APP que faltam, outros 40 M.Ha - nos pastos degradados - para pousio e restauro das RL que faltam, e sobrariam uns 60 M.Ha - que são as terras mais férteis - para expandir a agricultura.
Portanto o Coletivo Curupira apoia uma Politica de Desmatamento-Zero.
Outra luta importante é pelo Cadastro Rural Público na Rede Digital, em forma tabular e geo-referenciada, de início para os imóveis maiores de 100 Hectare.
6) Em sua opinião como está a sociedade civil hoje na luta pelas Florestas Em Pé?
Deve se mobilizar, exigindo atitudes dos representantes eleitos e do judiciário, utilizado comunicação alternativa, promovendo ações diretas, palestras e marchas para elevar o grau de consciência ambiental.
Por outro lado, boa parte da população, mesmo nas zonas urbanas, já sente na pele os efeitos do desmatamento e da devastação ambiental, tais como secas intensas e chuvas torrenciais, além das tristes consequências do abuso de agro-tóxicos com a contaminação dos alimentos e das águas.
7) Qual recado você considera importante passar aos leitores nesse espaço?
- Soberania Alimentar e Energética com Justiça Social e Progresso Ambiental.
José Antonio dos Santos Prata - Coletivo Curupira
URL mailto: <ja47prata@gmail.com>



Agradeço, ao Prata pelas palavras e conhecimentos partilhados. Grande parceiro e nos proporcionou conhecer um pouco do Coletivo Curupira.

Grande Abraço, ao Coletivo Curupira. Obrigado pela Experiência.


Wednesday, April 18, 2012

Conexão Terra Entrevista Gilberto Natalini


Car@s segue a entrevista com o Vereador Gilberto Natalini. E no ano da 11° Conferência de Produção + Limpa.  P+L



Conferência, hoje está na 11ª edição. É fruto de um grande trabalho, que através da resolução (nº 8 de 27/12/2002) da Câmara Municipal de São Paulo, projeto: autoria do Vereador Gilberto Natalini. Anualmente oferece para sociedade debates sobre temas que nos são muito caros à sustentabilidade.



Entre algumas informações para maiores detalhes do vereador encontramos em seu site o seguinte resumo:
Iniciou sua carreira política em 1970, ainda como estudante, quando participou das ações estudantis pelas liberdades democráticas no país;
Concursado na Prefeitura Municipal de São Paulo desde 1988, é médico cirurgião licenciado do Hospital Municipal do Campo Limpo, onde implantou e coordenou o serviço de atendimento ao acidentado do trabalho;
Médico Cirurgião Geral, formado pela Escola Paulista de Medicina em 1975. É especialista em Gastrocirurgia e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva;

Eleito vereador pela primeira vez nas eleições municipais de 2000, Gilberto Natalini conquistou a simpatia e o respeito do povo paulistano, graças a um trabalho sempre pautado, antes de mais nada, pela cidadania. Por quatro anos, empenhou-se em uma atuação ativa, que, norteada pelas causas populares, sempre priorizou o bem-estar das pessoas. Nestes 10 anos de mandato, apresentou 197 Projetos de Lei e aprovou várias Leis de impacto para a cidade de São Paulo, tais como: Reuso da Água para lavagem de ruas, praças e monumentos; Programa de Monitoramento ambiental – PROMA; Programa de Aproveitamento de Madeira de Poda de Árvores – PAMPA (lei 14.723); Programa de Apoio aos Portadores de Esclerose Múltipla; Programa de apoio aos Portadores de Psoríase; Programa de Prevenção e Combate às Doenças Renais; Programa de Envelhecimento Ativo; entre muitos outros.
CONHEÇA O VEREADORGilbertoNatalini

ENTREVISTA:

1-      Qual sua maior decepção na Política Natalini? Como surgiu a temática ambiental na sua trajetória como vereador?

Minha maior decepção na política é ver que, a despeito de tantos avanços na sociedade, não conseguimos evoluir também no quesito moralidade, honestidade com o dinheiro público. Muito disso em função do PT. Quando chegaram ao poder, se mostrou igual ou pior daquilo que criticavam. A temática do meio ambiente surgiu naturalmente, a partir das necessidades que fui encontrando, e da vontade de transformar as coisas para melhor. Como médico, viso sempre a qualidade de vida das pessoas. E um ambiente saudável é fundamental nisso.


2-      A produção +limpa é um evento de magnitude expressiva no cenário ambiental, no começo da organização do evento há 11 anos, a temática ambiental não tinha essa visibilidade de hoje, alcançou muitos objetivos da época?

O evento foi se consolidando e hoje acredito que seja o principal debate sobre meio ambiente da cidade. Foi uma progressão gradual, as pessoas foram entendendo a necessidade e se incorporando à causa.

3-      O que foi determinante para a cidade de São Paulo evoluir tanto nas Políticas Públicas ligadas ao Meio Ambiente em sua opinião? Vontade Política ou Necessidade e Pressão da Sociedade Civil?

As duas coisas são importantes, em pé de igualmente, e o meu papel é trabalhar para potencializar isso.

4-      Falamos de Política e Meio Ambiente. Mais uma pergunta que sempre quem esta na área ambiental se pergunta é Existe Aquecimento Global ou só Mudanças Climáticas? Qual sua Opinião?

O aquecimento global é uma realidade que não pode ser negada. Cada um de nós tem obrigação de dar sua dose de contribuição para minimizar os seus efeitos.

5-      Rio +20, Economia Verde nesse evento fundamental em manter acordos para diminuir as emissões o que esperar da Conferência? Têm possibilidade de ser o maior fiasco se aceitar a anistia e as mudanças no código florestal? Qual sua opinião Natalini sobre esses temas Anistia, Código, Rio +20?

Penso que os líderes mundiais saberão dar respostas a tantos questionamentos fundamentais com relação a nossa permanência, e o nosso bem estar, no planeta terra. Em relação ao código florestal, não há espaço para tergiversar. Temos de encarar o problema buscar uma solução viável e que contemple os interesses da maioria da população. Esse deve ser o foco: visar o bem comum, trabalhar para a maioria, não para pequenos grupos de interesse.


"OBRIGADO, GILBERTO NATALINI PELA
ENTREVISTA CONCEDIDA."


Milton Lima
Filósofo – de alma.
Gestor Ambiental & Especialista em Educação Ambiental.


Saturday, August 6, 2011

Entrevista Washington Novaes. Concedida 03/08/2011

Sobre o Entrevistado,

Washington Novaes está no mundo do jornalismo há mais de 50 anos, tratando de diversos temas com destaque o Meio Ambiente e Povos indígenas. Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, turma de 1957 o jornalista é um exemplo para os que buscam informações e estudos relacionados ao Meio Ambiente. Atualmente, é colunista dos Jornais Estado de São Paulo e O Popular.Washington Novaes
Um bate papo, podemos considerar assim, uma pessoa com histórico de integridade e cultura impressionante, presenteou todos os leitores com opiniões sobre diversos temas, e o Meio Ambiente sendo o nosso foco principal.
Agradecimentos; Como administrador do blog, sem fins lucrativos buscando informações e apenas compartilhando com imenso prazer, sou grato por uma oportunidade única, em conseguir uma entrevista com um ícone do jornalismo, com uma gama de experiência inquestionável no ramo de Meio Ambiente.
Com orgulho Apresento um bate papo com Washington Novaes.
1.      Como grande jornalista e tendo uma vasta experiência em diversos temas, acredito que já recebeu propostas para se afiliar há um partido Político. Já foi convidado? Aceitou sim ou não?
Recebi sim alguns convites, e não aceitei. Jornalista não deve ter nenhuma aliança partidária. Ainda temos a opção de isenção, nesse caso é nosso direito.
2.      Em uma palestra no futuro dos rios em São Paulo, onde na ocasião se apresentou um estudo, sobre as condições que o esgoto tratado era devolvido aos rios em São Paulo, e 50% tratado apenas em condições Primárias. O que fazer para melhorar essa situação?
No Brasil inteiro continua o tratamento primário. Precisamos avançar muito, estudos mostram que há entre 8 a 10 %, de pessoas sem abastecimento e água tratada.
3.      A Política Nacional de Resíduos Sólidos, completou 1 ano qual sua opinião sobre a lei 12.305/10?
A lei tem muitos princípios, sem porcentagem pequena, para aterros e a coleta seletiva e compostagem. A UNESP de Indaiatuba apresentou um estudo sobre aterro. Com a compostagem os aterros durariam muito mais tempo, considerando que 60% dos lixos em aterros são orgânicos. A Política começa com um problema a incineração. É  um desperdício, muito caro para manter esta incineração.
4.      A preocupação com nossos Recursos Hídricos esta presente, em sua opinião devemos cobrar pelo uso da água?
Sim. Precisa-se usar, deve-se pagar, e tem que cobrar. O consumo de água na pecuária chega a 12%/13% aproximadamente. Esses setores desperdiçam 60 %, dos Recursos Hídricos, e ainda recebem recursos para esse desperdício é preciso cobrar desses setores. Anualmente 100 milhões de nitrogênio é a perda que temos em nossos mananciais por causa da agricultura.
5.      A Rio + 20 esta próxima, o que esperamos de evolução do Brasil no Cenário Mundial sobre as Mudanças Climáticas?
É Difícil esperar muito do órgão que administra o Meio Ambiente, (MMA) com os recursos oferecidos, podemos dizer que muito é feito, pois é meio % de verba para um assunto tão especial. O Brasil precisa entender o que representamos, Com a nossa Biodiversidade, Nossas opções de Energia limpa, nossas Florestas, temos milhares de alternativas. Somos um País privilegiado, precisamos de uma política competente.
6.      O código florestal vai ser aprovado? nossa única opção é a Presidente vetar. Qual sua opinião sobre o Texto, aprovado pela câmera?
A ciência está Cansada de Provar. Não é viável.
Muito Obrigado, Washington!
“Saudação Ambientalista” Milton.


Tuesday, May 10, 2011

Entrevista Roosevelt.

 Entrevista


Roosevelt, 64 anos um grande amigo, que nos concedeu, essa grande entrevista, onde respondeu assuntos, de relevância ambientais nas esferas políticas, sociais e cultura. dentre as perguntas respondidas, acredito que todos vão conhecer o trabalho fantástico desenvolvido na área de Percepção Ambiental, realizado pelo NEPA.

Roosevelt. Tenho 64 anos – cerca de 30 deles envolvidos diretamente com Meio Ambiente – e admitido que estamos evoluindo no que concerne aos diferentes aspectos da área ambiental. Minha preocupação está ligada – e por este motivo criamos o NEPA, para avaliar o nível de percepção ambiental (e social) em segmentos formadores de opinião – a velocidade diferenciada que se observa entre a conscientização da sociedade (lenta) e a velocidade de agressão (irreversível e rápida) ao meio ambiente. Ou seja, estamos caminhando para um ponto onde (possivelmente) não tenhamos mais como equilibrar as duas velocidades. 

Vamos as perguntas:

1.      O Que é o NEPA?

O Núcleo de Estudos em percepção ambiental foi criado originalmente para oferecer a meus alunos de Engenharia uma opção de desenvolver pesquisas ligadas à área ambiental, bem como seduzir professores a assumir esta área como ponto único ou de apoio nos trabalhos que orientam. Mantivemos o NEPA durante anos com esta atividade sem ter recebido da instituição de ensino o apoio merecido, apesar da mesma ter “comemorado junto” os seguidos sucessos do núcleo (prêmios, divulgação na mídia, etc.). Desde junho, desligado dessa instituição, o NEPA passou a ser um grupo (mantendo a filosofia do “sem fins lucrativos”) voltado ao apoio de estudantes de nível superior (independente de qual instituição estejam ligados) voltado ao estudo do uso da percepção ambiental como instrumento de gestão nas áreas educacional e ambiental. O acervo de pesquisas desenvolvidas pelo NEPA – Brasil e exterior – pode ser acessado emwww.pluridoc.com e, em seguida, pesquisando “roosevelt  s. fernandes”. O NEPA está aberto a apoiar pesquisas – ligadas ao uso do instrumento “percepção ambiental”, sendo o contato para isso roosevelt@ebrnet.com.br.

2.      Em sua concepção a Política é o Reflexo da Sociedade?

A Política “procura” ser o reflexo da sociedade, mas, em muitas das vezes, acaba representando o interesse de grupos. Isso ocorre por vários motivos, sendo que destacamos um exemplo, na área ambiental, que é o ato de excluir (ou deixar que isso ocorra) a sociedade das grandes decisões, sob o pretexto de que ela não tem interesse ou não tem condições de opinar. Um exemplo comprovado em pesquisas do NEPA é o fato de que a sociedade “se diz muito motivada pela temática das Mudanças Climáticas”, mas enfrenta dificuldades em “explicar para o que está motivada”. Um conhecimento superficial sobre um tema importante, que vai gerar ações significativas a serem assumidas pela sociedade, mas que esta “ainda” não sabe o real teor. Parecido com o caso dos que são considerados formados, pelo simples fato de saberem assinar o nome. Neste caso, em relação ao exemplo dado, o assunto continua sendo discutido por cientistas, ambientalistas, empresas, políticos e outras minorias, enquanto a sociedade simplesmente observa.

3.      Meio Ambiente, hoje esta na moda, mais qual a real percepção das Pessoas sobre a abrangência do tema Meio Ambiente?

Vamos a alguns exemplos, todos observados através de pesquisas desenvolvidas pelo NEPA:

·        As Audiências Públicas são o grande fórum das discussões ambientais, mas o índice de entrevistados que assume ter participado de um é quase que nenhum – ou seja, qual está sendo hoje, realmente, o público presente nas Audiências Públicas?
·         As autoridades da área da Educação enaltecem as iniciativas nas escolas de programas de Coleta Seletiva, mas os estudantes entrevistados admitem que tal prática só será assumida pela sociedade se for através de uma obrigação legal – Qual a eficácia de tais iniciativas nas escolas se isso não consegue evoluir e chegue até as famílias?
·        Os educadores defendem a tese que os assuntos de Meio Ambiente devem ser distribuídos ao longo de todas as disciplinas, mas os estudantes entrevistados defendem a  tese de que preferem uma disciplina específica – O que deve nortear exatamente este ponto?
·        A maioria das escolas desenvolvem suas atividades ligadas ao Meio Ambiente em ações internas, enquanto os estudantes entrevistados evidenciam que estas ações deveriam envolver as comunidades do entorno – o que fazer para que, de forma efetiva, isso passe a ser uma realidade?
·        As organizações não governamentais com objetivos ambientais tentam se aproximar das escolas, muitas até tem forte interação com elas, mas os estudantes entrevistados dizem que não conhecem estas ONGs – como estar presente sem ser visto ou percebido?
·        As escolas desenvolvem várias ações na área do uso racional da água, mas os estudantes entrevistados não sabem que é a Agricultura que consome mais água; explicitam o abastecimento público como o maior consumidor de água – quem está avaliando a eficácia das ações de EA que as escolas adotam (ou seja, a mudança positiva do nível de percepção ambiental da sociedade)?

Poderíamos citar vários outros exemplos, mas os mencionados já são suficientes para entender que “não basta oferecer programas de EA para a sociedade” – isso é necessário, mas não suficiente – se não adotamos uma forma de verificar se , realmente, tais programas estão influindo positivamente na mudança do perfil de percepção ambiental da mesma. Avaliar a eficácia de programas de EA com o número de cartilhas distribuídas, aparições na mídia, lanches oferecidos, alunos e professores envolvidos, etc. são parte da avaliação, mas não são indicadores reais de “resultados”. Apenas um ponto para reflexão: dos programas de EA que você conhece, quantos tinham inseridos no seu escopo alternativa de avaliação de seus resultados que não sem os “tradicionais relatórios de resultados”. Esta é a meta do NEPA desde que foi criado.

4.      Qual o papel de um cidadão Hoje, tendo em vista a melhora de qualidade de vida, onde minha qualidade de vida não é a mesma que de um outro individuo?

O papel é claro; muitos se dedicam a explicitar tais aspectos. Mas é muito pequeno o número daqueles que sugerem (e apóiam) formas de que esta participação seja consolidada. Usando ainda pesquisas do NEPA, a sociedade “admite que tem papel importante nesse contexto”, mas “admite que não está sendo ouvida”. Ou seja, quando a própria sociedade admite que está de fora de decisões que deveria estar dentro, reconhecendo o fato como uma realidade no dia-a-dia, as observações passam a ser preocupações. Uma sociedade (tendo como foco as informações de Meio Ambiente) que não lê regularmente jornais e não acessa Internet nessa linha de conhecimento, como pode estar preparada para ser um "Cidadão ambientalmente responsável"? Uma sociedade que admite que (tendo como base os últimos dois anos) não participou de nenhum evento ligado ao Meio Ambiente caracteriza uma falta de motivação para este tipo de participação ou o fato de que estas iniciativas não estão sendo oferecidas a sociedade? Ainda na linha da avaliação da percepção ambiental da sociedade frente ao conhecimento da legislação ambiental básica, os resultados obtidos pelo NEPA foram passíveis de muita reflexão. Resultado (diagnósticos) existem, mas o que se fez no sentido de minimizar (pelo menos) o problema?

5.      Quantos livros o senhor já escreveu?

Nenhum. Ajudei a estruturação de alguns, fui capítulo em outros, mas admito que estou devendo a sociedade um texto que faça uma análise consolidada de todas as pesquisas desenvolvidas pelo NEPA. Voltado ao desenvolvimento de novas pesquisas – por exemplo estamos realizando uma para a Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES) voltada ao estudo da percepção ambiental do produtor rural do Estado – acabamos por protelar a “obrigação passada” frente as novas obrigações. Mas acredito que estou evoluindo pois nunca havia admitido (por escrito) que estou em débito nessa área.

6.      Sabe-se o Nível de Educação que temos nas Instituições Acadêmicas de Nível Superior, sobre a realidade e a fantasia que envolve o Meio Ambiente?

Novamente, lanço mão de pesquisa do NEPA para responder este assunto. Lançamos em âmbito nacional da proposta de criação do ENADE AMBIENTAL, uma proposta não compulsória que as instituições de ensino superior responsáveis deveriam adotar para conhecer o perfil ambiental dos formados que colocam no mercado de trabalho e, certamente, a partir dos pontos negativos encontrados de formação ambiental, acionar ações corretivas para eliminá-los. Desenvolvemos a aplicação da metodologia em duas áreas (cursos de Administração e Engenharias), reforçando a importância da proposta. Necessário dizer que a proposta teve como base o banco de dados do NEPA, com estudantes do nível superior (bem como professores), relacionado a pesquisas realizadas. Ou seja, nosso papel (NEPA) de apenas não ser um crítico da área que pesquisamos, mas sim oferecer alternativas para tentar (pelo menos) equacionar os problemas identificados.

7.      O Protocolo de Kyoto, expira em 2012, qual o Rumo a ser seguido, haverá um novo acordo em sua Opinião?

Novos “Acordos” vão ocorrer; o importante é saber quando os grandes emissores do mundo (= grandes potencias econômicas) vão assumir a sua parte do problema, ao invés de sugerir ações de compensação para os países não desenvolvidos. Na realidade este assunto, por sua complexidade e facetas, demandaria um tempo muito longo para sua a análise.

8.      Em uma entrevista sua, você falou de uma realização profissional no exterior? Poderia nos contar como foi essa experiência?

Formado a mais de 30 anos – mais ainda aprendendo todos os dias / felizmente – ou sei solicitar a então diretoria da Vale do Rio Doce para fazer uma especialização de Engenharia Ambiental no Japão, em uma época onde o assunto era visto de forma “poética por muitos”. Como prova de que sempre existirão “diretores de visão nas empresas”, fui autorizado a fazê-lo. A empresa ganhou muito (na situação abriu áreas novas para a discussão do assunto na empresa) e eu consegui consolidar um sonho, ou seja, ampliar conhecimentos e poder contribuir de forma mais objetiva para as ações ambientais (da empresa e as minhas) no contexto do Meio Ambiente. Inclusive, desenvolvi minha tese de Mestrado, voltada especificamente a um problema da empresa, decorrente do arraste de minério em vagões na Estrada de Ferro Vitória Minas, bem como em pilhas de estocagem no Terminal de Tubarão, perdas estas que além de representar uma “perda econômica”, tinham reflexos sensíveis na área ambiental. Ou seja, para todas as oportunidades que recebi, sempre aceitei o desafio de transformar “conhecimento adquirido” em “ações concretas”; neste estudo desenvolvemos e patenteamos três opções de contenção de minério frente ao arraste pelo vento (dextrina, glucose e leite de cal). Quero enaltecer a sensibilidade da empresa (CVRD) em uma época onde o assunto ainda não tinha nenhum apelo significativo em assumir o mesmo, o que justifica hoje a empresa ser um exemplo nas atividades que desenvolve, particularmente em se tratando de um campo – mineração – onde os impactos ambientais são significativos.

9. O Blog é uma Forma de Atingir vários Públicos, assim sendo, o Senhor com 30 anos de experiência, na temática Meio Ambiente, Analisa como a Responsabilidade Sócio-Ambiental hoje?

Os blogs tem um excelente poder de informar (alguns tentam “desinformar”, mas são minoria e estão vinculados a interesses não confessáveis) e devem ser usados, particularmente àqueles que apresentam TRANSPARÊNCIA e QUALIDADE NAS INFORMAÇÕES. Infelizmente, como se pode perceber das pesquisas com estudantes do NEPA – fundamental / médio / médio técnico / superior – são Infelizmente) fontes de acesso deste grupo, particularmente no que diz respeito a INFORMAÇÕES AMBIENTAIS.

10. O Código Florestal está em Pauta, querem mudar a Legislação Atual? Qual sua Opinião Sobre o Tema?

Um assunto estritamente técnico que se transformou em uma briga política. Um documento importante que poderá ser decidido fora do plenário da Câmara e do Senado. A sociedade, neste processo, mero observadores das notícias. O que ela ganha, o que ela perde, passa a ser aspecto de segunda relevância. Não resta dúvida que o Código tem que ser ajustado (é premente este ajuste), mas que este ajuste fosse realizado em dois estágios; um no âmbito FEDERAL para a definição das “regras gerais” e outro nos ESTADOS de modo a adequar a realidade geográfica de cada um deles.
Bom senso, mas que, nestas horas, parece que desaparece.
Prefiro esperar o desfecho para analisar o que realmente será feito.
Já tem gente demais se especializando em fazer conjecturas sobre o terma em discussão.
Não vou contribuir muito entrando neste grupo.


11. A Educação Ambiental, Hoje tem mais força, no âmbito formal ou informal? Formal em escolas, informal em toda comunidade.

Na EA nas escolas ainda vive, ao nosso ver, o foco do século XXI: quanto mais EA melhor, programas implantados sem estarem baseados em pré diagnósticos de percepção ambiental (prévia) do segmento a ser oferecido o programa, sem critérios definidos de avaliação de sua eficácia que não sejam os “tradicionais” relatórios de “resultados”, sem a obrigação de envolver a escola com as comunidades no entorno das escolas, sem a prévia discussão com os alunos de modo a (tentar) ouvir o que eles pensam a respeito Dio que será oferecido, etc. ........................ poderia fazer uma longas relação de pontos; mas acho so indicados bem representativos.

12. Qual o grau de realidade das pessoas, quando o assunto é sustentabilidade todos tem a real certeza do que é ser sustentável? 

Acredito que esta pergunta já foi bastante explicitada nos exemplos anteriores. Isso não quer dizer que a sociedade não tem conhecimento do assunto – em alguns casos parece ser o suficiente para dizer que “conhece” – mas falta (em alguns assuntos, de forma crítica) a condição de exercer no dia-a-dia este “conhecimento”. Nossa visão não é, nem poderia ser, pessimista, mas acho que se coloco na posição de um otimista com algumas preocupações. De quem é a culpa? São muitas as causas, mas me prendo a uma delas: de estarmos muito interessados na leitura de diagnósticos, mas sem quase nenhuma ação na área da correção das inconformidades identificadas. Lembro de um caso real, ocorrido em um evento internacional de meio ambiente ocorrido no Rio: sentados à mesa um grupo de especialistas na área; depois de quase duas horas de falas recheadas de termos técnicos e alguma linguagem cifrada, alguém na platéia desabafou; era um mateiro da Amazônia que estava presente ao evento (trazido por uma ONG) – falou: “até agora não entendi nada do que vocês falaram, mas entendi o motivo de que quando vocês querem entrar na mata precisam levar um mateiro, caso contrário não sairão dela, apesar de todo o conhecimento que posam ter. Admito que não é bem assim, mas não posso deixar  de pensar na mensagem dada a todos os presentes. Tão importante que até hoje lembro do episódio.

13. Roosevelt, faz parte do CONSEMA, Explique-nos qual a Função desse Departamento?

Sou Vice Presidente do Conselho de Meio Ambiente da federação das Indústrias do ES (FINDES), Consultor Técnico do Conselho de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Federação da Agricultura do Estado do ES (FAES), Membro do Conselho de Meio Ambiente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Membro dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente e do Estadual de Recursos Hídricos (ES), Membro do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas (ES), entre as indicações mais representativas. E a indicação que mais prezo, dado sua origem / dificuldades: Criador e coordenador do NEPA.

14. Sua Primeira Tese, foi uma das Pioneiras no Brasil, sobre Meio Ambiente pela empresa Vale, em Ano se sucedeu, qual sua satisfação quanto uma pesquisa com um tema tão sério, quanto o Meio Ambiente?

Foi uma das duas teses pioneiras (originadas na COPPE – UFRJ) ligada a temática ambiental. A outra tratava de minimização do teor de enxofre no carvão mineral nacional. Ambas as teses geraram tecnologias novas e, consequentemente, registro de patentes.

15. O NEPA, representou e representa, exatamente o que em sua vida?

Um sonho (para mim de grande potencial) que foi ignorado pela instituição de ensino onde estava na época, que com o aparecimento dos primeiros sucessos (prêmios recebidos, convites para participação em eventos internacionais, convênio com o MEC, convênio com o MMA, pesquisa realizada no exterior, ....) passou a ter interesse em apenas usar os resultados do NEPA para “vende-los como diferencial da instituição em relação a outras”. Posição pessoal de obter todos os recursos financeiros necessários para a manutenção do NEPA de empresas de grande porte localizadas no ES – VALE, FÍBRIA, SAMARCO MINERAÇÃO, BRASITÁLIA, ARCELORMITTAL – e, ao fim, de forma independente, ainda hoje estar INDEPENDENTEMENTE mantendo (na plenitude) as pesquisas do NEPA. Já ocupei cargos importantes em várias empresas; todos são valiosos dentro do meu contexto profissional. Entretanto, o cargo (se é que posso chamar de cargo) mais desafiador de todos foi vencer foi CRIAR e MANTER o NEPA.

Agradecimento: Sou grato, ao Senhor Roosevelt, que proporcionou a primeira entrevista no blog, onde buscou-se a mesma um olhar crítico, de um assunto de âmbito social, econômico e ambiental. Essa entrevista contribuiu para a reflexão de como a sociedade se relaciona com temas tão importante como a Educação.


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