Wednesday, August 10, 2011

Energia Nuclear Especialistas Opinam sobre o Tema

Em uma postagem recente, do blog discutimos os danos e as vantagens ou desvantagens de ter uma fonte de energia como Angra 3, proviniente de Energia Nuclear, considerada muito perigosa, que no Brasil é considerada a melhor opção de investimento... confira no post Energianuclear

O professor e ex-secretário do meio ambiente do estado de São Paulo (2002-2006), José Goldemberg iniciou a apresentação dele dando um panorama geral sobre a utilização de energia nuclear no mundo – as tecnologias usadas, os benefícios versus os riscos e a oscilação de investimentos no setor no mundo, em diferentes épocas, da queda na década de 80, com a repercussão do acidente em Chernobyl, na ex-URSS, até o seu renascimento durante o governo George W. Bush.

Um dos fatores que determinam o grau de desenvolvimento de um país é a quantidade de energia consumida per capita. Segundo Goldemberg, atualmente, no Brasil, uma família brasileira gasta, em média, 2.000 quilowatts/hora. Nos países desenvolvidos, esse consumo é o dobro. Para atingir esse patamar, não apenas o consumo, mas também a oferta de energia teria que aumentar, demandando a construção de novas usinas. Mas qual modelo produtor deve receber esses investimentos?

Graças ao vasto potencial hídrico brasileiro, até o presente, 85% da energia gerada no País advém das usinas hidrelétricas. No entanto, desde 1986, por questões ambientais que, na opinião de José Goldemberg, teriam sido “mal interpretadas”, as usinas hidrelétricas brasileiras não podem mais possuir reservatórios de água. Isso faz com que elas fiquem sujeitas à sazonalidade das chuvas locais, necessitando de sistemas complementares nos períodos de estiagem.

As alternativas seriam: carvão (ruim, porque o carvão brasileiro é de baixa qualidade e muito poluente); gás natural (abundante no Brasil); eólica (que poderia ser mais bem aproveitada nos estados do Norte e Nordeste); biomassa (bagaço de cana-de-açúcar, um subproduto da produção do etanol); e energia nuclear.

“No estado de São Paulo, já se produz 3 milhões de quilowatts a partir de bagaço de cana, que é mais do que se produz nos três reatores de Angra dos Reis”, afirma José Goldemberg. “Ou seja, nós podemos manter esses dois ou três reatores nucleares, devemos acompanhar a tecnologia, mas não há nenhuma necessidade, do ponto de vista energético, e do bem-estar da população, para o Brasil embarcar num programa nuclear ambicioso”.
Potencial nuclear

Ao contrário do professor Goldemberg, Leonam Guimarães acredita que o investimento em energia nuclear no Brasil deve ser considerado em “três escalas de tempo”: cenário atual; entre 2010 e 2020; e entre 2030 e 2060.

Atualmente, 85% da energia gerada no Brasil é produzida por usinas hidrelétricas. “É um sistema limpo, barato e renovável, mas dependente de onde, quando e quanto chove. E isso não casa com o consumo humano. Para compensar a sazonalidade da natureza, há que se recorrer a fontes alternativas”, explica Guimarães.

Construídas a partir dos anos 50, no governo de Juscelino Kubitschek, as usinas hidrelétricas cresceram exponencialmente nas décadas seguintes. No entanto, a capacidade de armazenamento de energia não seguiu no mesmo ritmo. “O armazenamento teve saltos nas décadas de 1960 e 80, mas, desde então, só vem crescendo marginalmente”.

Segundo Leonam Guimarães – e ao contrário do que muitos pensam –, o sistema hidrelétrico necessita de complementação térmica constante ao longo do ano, numa variante de 7% a 11%, valor que não é desprezível.

No médio prazo, de 2020 a 2030, para atender ao crescimento na demanda de consumo, a expansão do sistema hídrico teria que se focar na região Amazônica, onde se concentram 90% potencial do País. Embora possível, o aproveitamento da região Amazônica é mais complicado devido à topografia e às regras de utilização do solo da região, que requer grande responsabilidade por conta da questão ambiental.

“As demais fontes renováveis (eólica e biomassa) podem ser utilizadas nessa complementação de que o sistema hídrico necessita, mas de forma combinada, porque elas também estão suscetíveis às respectivas sazonalidades. No caso da eólica, ocorre uma oscilação mais curta, que se ultrapassar os 20% pode tornar o sistema instável. Já a biomassa está sujeita à sazonalidade das colheitas, que é mais curta que a das chuvas, mas mais estável que a do vento.”

Além disso, quem coordena a utilização do sistema hidrelétrico-térmico é o Operador Nacional do Sistema (ONS). É ele quem decide o que fazer, em tempo real, no curto, médio e longo prazos. “É ele quem cumpre a nobre função de ler a mente de São Pedro e tomar de decisões”. Nesse contexto, além de dar a devida importância às energias eólica e de biomassa, para Leonam, é preciso aumentar o investimento em armazenamento e em energia nuclear, a fim de compensar satisfatoriamente a sazonalidade da energia hídrica.

No longo prazo, de 2030 a 2060, o desafio será manter a expansão da oferta, quando o sistema hidrelétrico começar a dar sinais de esgotamento. “As projeções com relação à energia nuclear é de que ela continue em expansão, mas no sentido de complementar a composição de energias alternativas à hídrica, que são necessárias todos os anos, o ano todo”.


Angras 1, 2 e 3

Sobre os três reatores da usina nuclear de Angra dos Reis, localizada no litoral fluminense, conhecidos como “Angra 1, 2 e 3”, Leonam Guimarães traça um breve panorama e desfaz alguns mitos.

Segundo ele, mal gerenciada no passado, “Angra 1” chegou a ser apelidada de “vaga-lume”. Hoje, no entanto, opera com 78% de produtividade.

Ainda melhor, “Angra 2” opera com 86% de produtividade e é uma das 20 usinas nucleares mais produtivas do mundo. Durante a crise energética de 2001, a usina chegou a operar com 94% de produtividade – num caso inédito no mundo.

“Angra 3” entrará em operação no final de 2015. “Colocá-la em operação não significa aumentar a participação da energia nuclear no total gerado. É manter a porcentagem que já existe, considerando o aumento no consumo de energia e a expansão do sistema hídrico. Pelo contrário, começando a operar em 2015, “Angra 3” representará uma queda na participação da energia nuclear no todo de energia gerada no País”, avalia o especialista da Eletronuclear.

fonte:IFHC

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