Aquilo que fica: saudades do Abujamra
16/09/2019
Ontem foi o aniversário do Abu. O grande
Abujamra fez deste um alucinado por tudo que ainda não se conhece, desde a
poesia até os grandes mestres da literatura que ainda teimam por esperar
leitores ávidos que os mereçam à grata experiência de ouvi-los mesmo que estes
a nós não digam nada. O caminho registraria 87 anos de vida do Abu dizia a
chamada da rede pela TV cultura em suas redes sociais. Foi ali que ele se
consagrou com o programa provocações, que esteve com ele por 15 anos, até que o
querido Abu nos deixaria órfãos de sua famosa frase do poeta espanhol “Aí de
mim” oh Segismundo que se esvai no teatro: A vida é um sonho.
O que é a vida?
E pensando neste filósofo que fez a dúvida ser
tão mais idolatrada por este que os escreve, persigo aquilo que fica.
Talvez se o Abu me conhecesse ou pudesse ler
isto, imagino que sua reação seria performática e séria e não diria nada, pois
ele costumava dizer que o fracasso e o sucesso se encontravam no mesmo patamar.
Se o que fica é a saudade, também é possível
dizê-lo oh caro leitor, que conhecer o Abu em tempos tão escuros pode ser uma
gentileza a si mesmo.
O pouco que me sobra de curiosidade deixo-os
pelos versos que me leva até o Sesc Ipiranga na exposição em que o homenageou
por Rigor e Caos. A visitação esteve disponível de 29 de novembro de 2018 até
17 de março de 2019.
Abu lembrara muito do Brecht e nos dizia:
precisamos mudar o mundo!
E se o Abu também citara Borges com “o sonho
não deve durar mais que uma noite”. Volto ao Borges para elucidar o mapa da
vida que nos legou a saudade.
Abu um mestre muito além do teatro,
Aquele diretor que precisava atuar,
Tal como necessitava da vida sugar,
Tudo que ela mesma não devia falar,
Pois a dúvida assim se portaria cruel,
E assim mesmo ele a amaria.
Nas árduas perguntas sempre haveria o risco,
Aquele de não se conter no abismo,
Ou outro que não nos cabe um vínculo,
Quais pudessem nos encontrar comum,
De tão veloz e muito sagaz o mundo mudou,
As pessoas se esqueceram do mapa,
E assim cabem a nós todos os curiosos,
perguntar:
Cadê a velha e boa dúvida que trouxe a
saudade...
Milton Lima – saudades de ouvir suas
provocações grande Abu.
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