Tributos aos velhos amigos: a interrogação é o novo porvir
Por Milton Lima 29-12-2020 – é lua
cheia.
Osasco
A trilha sonora é tão velha que o
medieval tece o moderno, conquanto estranham-se quando não velhos amigos são.
Aos tributos a música espelha neuroses da saudade que viria se portar como
charme no tecnológico mundo presente. Já o estrangeiro apenas por pensar no
passado que obrigou sê-lo, o humano, àquele que virou máscara, este se vira na
noite sem coração e dorme numa rede sistemática da interrogação. A concordância
que carrega a dúvida é estudante do ano que não dormiria se não fosse uma
pandemia. O que esperar do próximo ano, um ano sem máscara, ou talvez um ano
sem lembrança do ontem? A morte e a vida são os velhos amigos que prezam uma amizade
que os acompanham no verdadeiro tudo outra vez.
Tudo outra vez é um prazer que a
sonoridade nos faz escutar “o fim do termo saudade”, e o Belchior, este não
esqueceu o quanto sua poesia interrogaria o novo quando dissera “até parece que
foi ontem minha mocidade com o diploma de sofrer de outra universidade, minha
fala nordestina quero esquecer o francês”. E tão nostálgico que faz nossa
interrogação ser um porvir ao apontar lá na suave canção que “e vou viver as
coisas novas que também são boas, o amor e o humor das praças cheias de
pessoas, agora eu quero tudo, tudo outra vez”.
Na fotografia 3x4, Belchior é enfático
“e pela dor eu descobri o poder da alegria, e a certeza que tenho coisas novas
pra dizer”. E com sua “história é talvez igual a tua, jovem que desceu do
norte, que no sul viveu na rua, e que ficou desnorteado como é comum no seu
tempo, e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo e que ficou
apoixanado, e violento como você”. E diz a ti que lê agora “eu sou como você
que me ouve agora”.
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