#serieartedeinterpretar number one. N.1
Por Milton Lima 01/11/2021 – não esquecendo a
profundidade de escorpião, aí vai Cortázar.
Como diria um amigo imaginário dos livros:
interpretar com a alma e viver para o coração faz com que tudo, apenas de fato,
seja um parecer. Do livro aberto, o verbo já aprecia seu modo infinito de ser e
sentir, entre um jogo de palavras aqui e outro ali, o verbo passa do indicativo
ao subjuntivo e quando se nota, lá está ele no imperativo que se volta ao
infinitivo. Seria arte se não fosse outro modo de interpretar os valores que se
dá para o que eu dizia esses dias há uma amiga, à liberdade, no subconsciente
do direito, tem sido uma palavra machucada demais. E voltamos ao infinito da
palavra que dizia cá entre nós o sábio ditado: é melhor rir do que chorar. E
também para essa amiga eu apresentei o querido Abujamra, meu mestre desta
série: valorizando os contos.
Seja como for, o modo infinito está no ar!
Assim já posso dizer que o jogo da amarelinha do nosso autor, Cortázar, antes
de tudo, é um convite para que se retorne àquela amizade feita de literatura. A
quem puder ler no espanhol, o título que inspira esta escrita é: Las Armas Secretas. Desta eu retiro por
conta própria no seio da palavra amizade um sonho do infinito amor de que se
espera por outro mundo construir. No suspiro às vezes é preciso respirar com
arte nesta volta do ar. O profundo começa por compreender que o valor, no fim,
é entender o que é a vida. Então para esta provocação eu sugiro que volte ao
saudoso Abujamra para mais detalhes desta série e respiro com suspiro de
contos.
Por se tratar de palavras, e por se tratar de
saudosos sentimentos aos poetas mortos, o filme, ‘a sociedade dos poetas mortos’,
também é um bom caminho para tal convite e rememoração. Pensei no Borges e nas
suas ficções, mas para ter o perfume do bom e vivo senhor EXÚ, na segunda-feira
que antecede o dia dos mortos 02-11 no Brasil, no qual o 01-11, é tido como o
dia de todos os santos, esta inspiração chegaria até as babas do diabo – Las
Babas Del Diablo. Veja que isto é, um conto atrás de outro conto.
O Abujamra, que o universo e os orixás o
tenham sempre se confrontava com seus entrevistados de modo a perguntá-los como
andava a cultura no Brasil, e como exímio provocador ria das lágrimas que
nenhum convidado representava em cada resposta. Quando se trata de contos e,
sobretudo de leitura, não é um mal do nosso tempo veloz e imediato como são
tratadas as mentes e corações na educação deste país, a quem outro saudoso e
cirúrgico autor, Stefan Zweig, carinhosamente a pensou como ‘Brasil, o país do
futuro’. Mas esta leitura não aconteceu e tal cultura não parece ser uma
realidade neste conto e data. Por isso o conto vai ao diabo que nos carrega que
nesse caso, é uma literatura de alto escalão da latina americana e versa-vice
durma com essa e se não for um sonhador, acorde com essa.
“Nunca se sabrá cómo hay que contar esto, si en primera
persona o en segunda, usando la tercera del plural o inventando continuamente
formas que no servirán de nada.”
Por isso no primeiro livro mais
vendido no mundo, seu início não espanta mais ninguém, quando se diz lá: gênese
era o verbo. Não se imagina Hesíodo ou Homero, ou ainda Petrarca, nenhum
greco-romano quando se lê uma história como esta que iniciara Cortázar, nesse
conto dado ao diabo? Nem na primeira e muito menos na segunda pessoa, e também
dispensa nosso autor à terceira pessoa do plural, e de fato não se saberá nunca
isto.
“Entonces
tengo que escribir. Uno de todos nosotros tiene que escribir, si es que esto va
a ser contado. Mejor que sea yo que estoy muerto, que estoy menos comprometido
que el resto”;
Obviamente que a questão moral do
tempo nos encontra no aqui e agora presente, no dia depois de amanhã em que
narrava o domingo nosso autor. Cá na segunda-feira, ainda dia primeiro, no
conto era dia 7 de novembro, muitas são as nuvens que nos aproximam e nos
separam. Lá dirá ele entre seus pares fotografar algo verdadeiro. Aqui sem
fotografia e imaginando tão somente o infinito, o interessante para este que
vós escreveis, passa por eternizar os vivos que jamais deixaram de habitar
aquele sonho que vós interpretáreis.
De vós imagináreis de tudo sob os
mortos e vivos no conto do diabo. E por menos juízo moral e valor cultural,
respeitem isto que vós sois. O que senão um conto vós separais reles?
E ainda aqui, não se podereis esquecer
que o narrador fala de Paris, onde o que parece vós separareis dos vivos e dos
mortos revolucionários da machucada e fotografada palavra liberdade.
Nas margens do rio Sena a literatura neste
conto está aberta. Nos passos do nosso sonho as vielas não são as parisienses
que narra o autor, e o vento que subia de teimosia vem ao nosso encontro para
fotografar esta amizade no infinito do conto.
“Pero las manos ya
eran demasiado. Acababa de escribir: Donc, la seconde clé réside dans la nature
intrinsèque des difficultés que les sociétés —y vi la mano de la mujer que
empezaba a cerrarse despacio, dedo por dedo.”
A literatura é algo de outro mundo. O poder
da imagem que impera e manda sinais é indelével em todo sentido figurado do
jogo em questão e sobreposto nas imagens. Desde como se conta o que é decodificado
pelos sujeitos, aquilo que é indizível e não se explica quando em nó é dado o
encontro entre a fantasia e a verdade subjetiva.
Desenhai-vos vós toda liberdade que impera a
literatura, e vivei-o vós de toda amizade com os livros.
Amigos, isso é apenas um conto que no
desconto só pode vir a ser um extrato de papel passado em lembrete da arte de
interpretar contos, aos vivo saúde e aos mortos um brinde a nossa amizade pelos cantos/contos/encontros da vida.
Ao Abu uma ópera. Callas e um brinde ao dia dos mortos!
Sem palavras. Só os meus sinceros cumprimentos
ReplyDeleteNeucy, obrigado pela leitura e pelos cumprimentos!
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