Progresso
no meio (existe) ambiente?
Milton
Lima*
O que
temer (sem ou com o Michel) nos dias de hoje? Uma pergunta um tanto
perturbadora, não? Realmente faz tempo. Muito tempo que não
escrevo. Não com está atualidade. Para nos situarmos, e nos
familiarizarmos com a temática ambiental, parece-me que o saber é
àquele sabor que Barthes chama-o: “a idade de outra experiência”.
O autor convida-nos: experimentá-lo “na própria encruzilhada.”
Nos encontramos no século XXI, 100 anos após sua morte - em 2015
com a Revista Cult – quando é publicado um dossiê sobre o seu
centenário.
Ao
escrever sobre meio ambiente, pretendia narrar o sabor de algumas
narrativas, que foi se perdendo com o tempo.
Em um
dado momento a experiência questiona-me e agora? É então aí: que
volto a escrever. E as perguntas continuam a provocar-me: ruídos e
no ano que ainda não acabou – quem dera fosse àquele de 1968, o
qual Zuenir Ventura narra tão bem. Perturbadora, sim. Na conjuntura
de um ano histórico, pois, a política em 2016, viu o Brasil votando
uma questão polêmica, tendo em vista os representantes da população
(se assim vocês concordarem - em um congresso nacional) indicando
tais votos em nome: da mãe, mulher, filha, sobrinha, e até de Deus
para afastar uma presidente! O que temer? Difícil, mas o que precisa
ser analisado é a nossa curta memória, e meu maior receio é o
progresso!
A
política projetou nos últimos 14 anos, desde 2002, um motor de
crescimento (se vocês quiserem progresso) neoliberal, que
impulsionou o consumo. O acesso, obsoleto com crédito, refletia na
ascensão de muitos à outra classe. Qual? O que fora comemorado como
bônus? No meio há crise? Existe ambiente e/ou ônus? Um governo
eleito pelo povo? Quem nos representa, aqueles que votam pela mãe,
esposa, sobrinha? Ou o que afastara a presidente ao coro do fim da
corrupção (o mesmo que nomeia ministros acusados e investigados
pela mesma corrupção) então quem nos representa? Uma esquerda
corrompida, que seus valores são capas com os tópicos: Mensalão,
Petrolão, e assim até a falácia que estamos vivendo.
Tendo
o prazer pela história é triste o momento o qual vivemos. Ao nosso
autor centenário; um sabor, um oxigênio. No curso ministrado no
Collège de France, “Como viver junto? E ao mesmo tempo não sendo
o neutro?” Palavra, literatura, assim nasce o texto com prazer de
uma crítica sensível ao momento.
Mas
com todos os defeitos de um governo que mudou sua cara; o Brasil tem
um novo comando (alguns dizem provisório, se vocês preferirem pelos
próximos 180 dias) e este já mostrou sua nova identidade.
Acompanhada do chavão do lar, recatada e esteticamente padrão
mídia.
E o
viver não somente em um planeta que habitam os cidadãos do mundo
(que vivenciam o aquecimento global, e continua sua espera; diferente
do século passado com a guerra e as bombas atômicas, o sujeito
aguarda o aquecimento de alguns Graus Celsius), mas o conviver com
pensamentos políticos reacionários, autoritários, excludentes e
fascistas. Este é o desafio de viver junto. O como, isso se dá,
pode-se dizer que é: sem neutralidade das ideias.
Com
este jogo apenas começando, o meio ambiente é peça chave no
cenário político. Independente do regime de assujeitamento, o devir
que nos move depende da aventura. Chamo-a progresso, a pergunta que
deixo aos aventureiros é: podemos pensar juntos?
*Especialista
em Educação Ambiental e Recursos Hídricos. É professor de Gestão
Ambiental.
miltonpalmeiras@yahoo.com.br
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