Adoro poemas.
Amo leituras.
E com o tempo:
aprendi a passar por mim. E quando isso acontece, eu simplesmente passo: e não
me conheço como era antes. Até parece um conto comigo mesmo. Mas quando menos
espero “o eu” – que era antes um ser sensível e frágil – passa a me dizer que este
avançou de fase: o desafio de ler a si mesmo agora se transforma em catarse.
O destino que me
trata como um mero espectador se esqueceu de um exímio detalhe: sou eu a
permissão para cada arte que se manifesta aqui. De repente existe entre nós um
exílio, o que era para ser doce deixa de sê-lo: no primeiro choque de
realidade. Talvez por saber que na vida amarga por de trás de cada sabor
experimentado havia um ser, um humano, ou se preferirem um meio no todo.
Com tecido de
fragmentos do eu: vivo reformulando os detalhes. São cores, que se transforma
em sabores, que se tornam histórias, que na realidade são mais que palavras
escritas. O reflexo de uma leitura de si: pode ser catastrófica – é
precariedade do ser. Falta de leitura de si às vezes não é o melhor remédio. Com
tantas tintas em um só quadro, esse pintor passa pelo social, é agora seu único
traço, se o único aqui é uma mudança de freqüência, o que era pautado como
trágico acaba por virar obra de arte.
Sentir. A
escrita de si é sentir. Não a tome por fechada ou acabada, pois ela é cíclica e
retomá-lo-á o sentimento mais calmo quando assim for necessário. Ser: pode ser
tanta coisa. O detalhe de si, isso é o que realmente importa. Em meados de
tanta crise, o que realmente cresceu foi esse “eu” no mundo exacerbado dentro
de mim.
Gerenciar então a
fortaleza é “sentir”. Sentir o momento não tem sido muito fácil. Parece um
misto de acontecimentos que ao mesmo tempo me interpela a crescer, como por
outro lado me deixa exaurido. Entre façanhas e méritos próprios do indivíduo,
prefiro não apontar um caminho a sentir, propositalmente eu refleti no espelho,
e isso só foi possível pela generosidade da consciência, que entre tantos
caminhos, um deles me levou até a amizade. Se um acontecimento faz ecoar a
gratidão na reflexão deste “eu” confuso, mas inteiro, que sai do meio do furacão
e se volta a si, esse se traduz na amizade. Um brinde aos amigos, um brinde a
nossa amizade.
Milton Lima
21-11-2017
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