Tuesday, March 24, 2020

Poema: quem pescou no limite da inteligência artificial?


Convosco o limite da inteligência artificial: O Flâneur sai às ruas e sem máscara desnuda a máquina...


 Milton Lima 24-03-2020   



Convosco a rede que não parece pescar,

Que o deixou parecer à esperança em si de um bom dia,

A mesma que o perguntaria sem olhar na sua face: o que está pensando?

Que o esperava na falência de seus órgãos humanos.

Primeiro governamentais, depois àquela transvertida de imitação da arte,

Que se esforçaria de modo tão real: que o virtual substituiria o habitual sentimento.

Que se esvai pela rede na expressão das fagulhas sopradas sem ventos.

Longe da fé e na rotina das missas, eis que não mais, contar-se-iam às lágrimas,

Pois, não é mais permitido chorar seus mortos,

E se não fosse tal máscara de normal proibida, dir-se-ia que,

Tinha-nos esquecido nesta rede à medida da pena, que garantisse o direito de não sê-lo mais humano.


Chorar a todos os mortos remotamente por suas novas máquinas, assim nos deram os dados móveis,

E seu legado tão pobre que é tão rico,

Vir-se-ia o ser menos humano ser não capaz de pensar por si mesmo.

Ao fazê-lo ainda sem chip no corpo, se viu impresso em 3D numa pele que não habita seus ossos,

Percebendo-se no mundo do medo e trancafiado agora, vira todos os efeitos da desumanização,

Dos efêmeros traços que a rede aos pouco de ti consumira e que aos poucos lhe modificaria.

O que pode sentir no virtual mercado de agora?


Apenas soará as trombetas quando,

Chegar o aceite de tudo sem ter lido nada!

E quando o poder do azeite ungi-lo,

Daí saberá que hão de avaliá-lo e julgá-lo,

Se fora um bom avatar e se fizera do limite seu pescado no mar.

E os contos servir-nos-ão pra quê nestes momentos tão esdrúxulos?

Para retomar Baudelaire, e saber que as flores com amor conhecem o mal,

Para se encontrar um espinho no caminho, poder interpretá-lo além do mito.

Parar e perceber se tais máscaras se vendem e se hão de haver outras; é à hora de investigá-los,

Dever-se-á prestar atenção na rede, o que estão lhe vendendo é uma máquina de moer humano.

Para assim revisar o conto, que se transformara no jardim do jasmim,

Noutro ponto tecido, que encontrará um Benjamin.


Para retomar o limite deste legado que o encontro se faz necessário,

Tal encontro carece escancarar os cárceres das palavras presas,

Para libertar o que se é humano é preciso prender o que se apresentara como máquina.

A máquina de guerra que Deleuze avisou-nos, a qual vira o Humberto de tão eco se comprimir,

E quando no caminho há uma máquina totalitária a quem Benjamin viu com as flores nascer,

Eis que elas, as palavras presas apresentam-se ao nosso presente,

Para fazer-nos parar e indagar tudo o que brota agora: que limite requer-nos a máscara na guerra?

Seria o contente ato de manifestar apenas o direito em respirar o ser não doente?

A quem chorar os mortos vivos estes que são a nós presos e ocultados pela máquina?

Ainda teremos lágrimas?


Senão as palavras presas na poesia e na filosofia, quem nos despertará se a máscara não cair?

Voltemos ao limite que a guerra mental nos provoca com o vírus e o medo da morte.

E é obvio pra quem que o óbito do ser foi impresso pela máquina, como preparo e substância,

Que ao se propagar enquanto palavras cheias do imenso vazio,

Nesta multidão imatura e tampouco humana, O que é a vida agora? Grita o poeta e indaga,

Será mesmo o esquecimento da morte? Responda-me: Humanos ou máquinas?

Substituía-o, primeiro nos versos dos esquecidos poetas herdados do porão, e depois,

E depois, e depois, e depois, e depois... Tal máscara é seu sistema e seu próprio esfacelamento,

Que quer vê-lo pintado de humano, mas tendo como objetivo lembrá-lo que não pode mais sê-lo.


3 comments:

  1. Necessário e forte.

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  2. É muito importante para mim, ler os comentários, ao lê-los decerto presumo um bom sinal, que através da escrita haja tal intereção entre quem escreve e quem lê. Neste momento especial em que pouco se lê e muito se opina, faz total sentido essa troca. Grato pela contribuição pessoal!

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