Saturday, February 12, 2022

A bomba e a psicose: em fase a face da ilusão

 

Milton Lima
Sociólogo
02-12-2022

No atual momento em que vivemos, numa era tecnológica ou numa era da velocidade, não importa muito o como receberemos a informação, seja como meme, ou seja, como piada, tudo ou nada, as notícias do presente parecem ser as do futuro, numa mescla com as do passado, resumindo em uma bomba e uma psicose. Falar de guerra quente quando todos nós sabemos da força bruta que alguns países guardam em seu arsenal é uma loucura sem limites, ou não?

Günter Anders foi lembrado aqui, ele melhor do que ninguém exemplificou a loucura em curso no século da velocidade. Outro com quem podemos nos encontrar nesse caminho veloz, talvez seja conhecido de muitos aqui, ou não, trata-se do italiano, Ítalo Calvino. Sendo sincero o “Porque Ler os Clássicos” deve ser sempre que possível, uma obra lembrada desse autor, que tão bem se dirigiu a velocidade com que o século XXI se encontraria em sua tecnologia.

O tedesco na comunidade italiana é uma língua conhecida. Então retomar a psicanálise de Freud, e dos outros que o sucederam, traz a tona o que interessa a face da ilusão.

Deve ser comum se ler que o século XX foi o século da ciência. Mas onde foi que perdemos a ilusão com esta ciência? Diria que a sociedade em si é uma ciência seja em qual século for. Contudo, se levarmos em conta o que Anders chamou da era do apocalipse após a bomba de Hiroshima, então para explicar essa ciência em pouquíssimas palavras, devemos voltar à fé. A ciência criou-se no conhecimento do seu fogo mítico de base a lá Prometeu sob uma fé em si mesma e para si mesma. No que se pede para voltarmos aos clássicos, tem-se como premissa que lá se encontram todas as respostas. Foi assim que Maquiavel teve sua obra proibida pela igreja e classificada como maquiavélica. Assim já podemos introduzir o que a ciência luta para manter entre nós, uma ética que estaria acima do bem e do mal e isenta de qualquer interesse privado, tudo para o bem comum de todos os seres humanos.

Seria muito lindo tudo isso na base romântica. Alguém já escutou ou estudou sobre a teoria de Malthus? A pobreza extrema seria uma forma de bomba? O outro como inimigo ou até imigrante também seria uma forma de bomba? A ilusão estaria no inconsciente humano de ser comum? Então... Vejam a razão como lógica do perdão. A ciência que trouxe a bomba como um filho, seria a mãe de tamanha desgraça humana? Teria sido essa a promessa? Voltemos ao mito e a tão clássica teoria econômica de guerra, esta sim consciente e totalmente privada.

Não importa o continente, o poder está atrelado ao sistema financeiro. O custo dado por conta das dividas impagáveis, sustentam os donos do mundo na criação de crises eternas. E se buscamos a razão e se buscamos o medo e a culpa do outro nesse processo, voltamos à psicose da guerra. Já escutamos a concepção de guerra santa? E guerra tecnológica? Estas guerras são deduções que vagam entre um poder e outro com a mesma intenção, dividir para reinar. O que de fato acontece com tudo isso retorna ao imaginário e a mente.

Finalizando a fase posta com a ideia propagada que a Rússia invadirá a Ucrânia, e que isso ocorrendo se iniciará a última guerra, o que tentam esconder de nós ou causar em nós? Medo ou esperança? Medo de mudar a ordem econômica com soberania de grandes nações seria esse o medo? Esperança que o mundo de ilusões de que a ciência realmente seria comum aos públicos versus os privados interesses? Para sairmos da fase de ilusão e acessar a fase de realidade precisamos obter de volta a razão, porque ela foi privatizada. Privaram na ciência a história e a verdade. Para sairmos da fase de ilusão e acessar a fase da realidade precisamos de fé não apenas na ciência, porque crer faz parte deste processo, inclusive cientifico, mas de toda fé no que nos é comum. Enquanto alguns continuam a sonhar com um mundo no metaverso, por aqui na vida real e periférica, continuamos a ter fé no sagrado de sermos ainda humanos e não transhumanos como os donos da ciência nos quer transformar. Resistiremos? A bomba e a psicose continuarão a nos assombrar com miséria e realidades de extrema violência. A simbologia passou longe do mito. A hegemonia ocidental respira por aparelhos.

Por outro lado a eurásia está no jogo e os próximos capítulos estão por vir. 

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