Saturday, February 26, 2022

A guerra na Ucrânia por trás do discurso hegemônico

Fonte: Die Welt


Milton Lima
Sociológo
02-26-2022


Jack Matlock: “O que precisa ser entendido é que a Rússia entende esses assuntos como problemas vitais de segurança nacional”.

No instante em que escrevo esse texto muita água tem rolado por de baixo da ponte. Antes de qualquer coisa o mundo inteiro está falando sobre a guerra na Ucrânia (alguém disse que é uma operação especial?), como também são muitas as opiniões contra a Rússia.

Sob o aspecto do discurso na mídia atual, os meios de comunicação têm fortes tendências por escolher um lado da história. Contudo, vale o questionamento: esse conflito entre Rússia e Ucrânia poderia ter sido evitado? A resposta é: sim. Mas tal pergunta não entra na pauta da grande mídia, e por isso, esse texto pode ajudar entender o que está em jogo nesta disputa de poder pela hegemonia.

Pretendo ser curto e grosso. Não se trata de defender a Rússia aqui. Trata-se de mostrar o porquê se desembocou esse conflito que vidas serão ceifadas e que ninguém da imprensa convencional trará um debate honesto do que está acontecendo. O que está em jogo é o controle da narrativa, e nesse sentido os Estados Unidos tem nadado de braçada no que tange a opinião pública. Afinal, se isso poderia ter sido evitado, então, por que não foi? É aqui que trago um mapa de hoje, de um jornal alemão, e alguns comentários também sobre o texto. 

Fonte: Die Welt



O texto traz a chamada “In einer ANDEREN WELT” Em outro mundo. E então destaca a fala da ministra de relações exteriores, Annalena Baernock (verdes), que está de preto, talvez querendo se despedir e dizer adeus. Assim começa ela, hoje despertamos em um mundo diferente. Isso aconteceu depois de meses de planejamento, de mentiras e propagandas, onde o Presidente Putin tomou sua decisão onde cumpriu com sua ameaça e invadiu à Ucrânia. A invasão russa traz o alerta para todas as nações da OTAN.

Vejamos que esse texto será lido pela população alemã neste final de semana. Claramente a posição condena a Rússia por ter invadido a Ucrânia. No entanto, essa narrativa já estava sendo implantada pela imprensa norte americana desde 3 de dezembro de 2021, quando o jornal Washington Post, publicou uma matéria dizendo sobre os planos russos de invasão. Aproximadamente um mês depois em 4 de fevereiro, o jornal New York Times, trouxe a chamada “Se Putin quiser guerra suas tropas estão prontas”. Veja a imagem abaixo:


Assim que tomamos contato com outra visão da história, esse debate pode ser mais interessante. Por exemplo, escutar o que o Presidente Putin disse assim que autorizou a operação. Assista ao vídeo abaixo: 


E como um exímio cientista social todo historiador deve preservar e indicar sua fonte, assim como todo cientista social deve trazer a discussão o que na análise de discurso chamamos de ideologia. Esse texto contém uma diversidade de links para que, cada um de nós, possa entender esse debate que é muito complexo. Recomendo a leitura completa deste link a qual deixo a citação e por fim outro texto do autor do mesmo autor. Cito o diplomata americano e professor da universidade de Duke, Jack Matlock em artigo na CNN Brasil:

Não se trata de dar à Rússia o direito de reclamar uma esfera de influência e sim de levar em consideração as possíveis consequências de insistir em incluir a Ucrânia na Otan e, em consequência, colocar a parceria militar na porta da Rússia.

Para o historiador e diplomata experiente, a Rússia argumenta que o discurso do respeito à soberania é usado apenas quando convém dadas as intervenções americanas em diferentes países. Basta falar do Iraque para não voltar demais na roda da história.

Mas ele diz que a Ucrânia só tem um caminho para se tornar um país unido e próspero: manter uma relação civil e relativamente próxima com a Rússia, dando a seus cidadãos de língua russa igualdade de direitos linguísticos e culturais. “Os amigos da Ucrânia na Europa e na América do Norte deveriam ajudá-la a entender isso ao invés de perseguir um caminho que pode muito bem se tornar uma rota suicida”.

O que penso de tudo isso? Vamos lá. Penso que todo país que se preze uma nação soberana deve defender seus interesses. Se vocês escutaram o presidente da Rússia, no vídeo acima, puderam perceber que houve diversas tentativas de acordo. Quando a Ucrânia através de seu governo é a favor da entrada do país na OTAN, isso oferece um perigo real à nação russa. Por isso insistiria a quem puder ler com atenção isso ninguém te contou sobre a Ucrânia. Mas tem algo econômico por trás disso tudo que explico e finalizo essa reflexão. 

Devido à parceria que Rússia e China firmaram no mês de fevereiro, tida por diversos analistas de geopolítica mundial, como o acordo do século XXI, isso envolvendo um projeto chamado, a nova rota da seda, que esse conflito se desenhava. Tanto os Estados Unidos (USA) quanto o Reino Unido (UK), através do sistema financeiro dominado pelos bancos mundiais dominavam o mundo. E todos que acompanham a política internacional têm conhecimento que a nova crise financeira está prestes a explodir desde 2018, o que se postergou com a crise da pandemia desde 2020. Isso posto, a iniciativa que enxerga um mundo multipolar que está sendo dirigida por China e Rússia, é algo que esse poder hegemônico não aceitou e nem aceitará sem uma guerra. A guerra começou com a tecnologia e se estendeu pelas sanções. Agora o que está em jogo é uma agenda. A escala desenhada pelos americanos está clara, o próximo alvo será a China, principalmente com uma aproximação dos americanos e ingleses com Taiwan. Dias sombrios para o cenário global. Por fim, gostaria de dizer que isso não termina aqui, espero que entendam que um império não dará seu bastão de graça e que as mortes por essa guerra têm assinatura, e bastam olhar o exemplo do Afeganistão.

 


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Martin Luther King Jr

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