By Milton Lima - 02 de janeiro de 2025.
Reino
Unido
A
secretária da educação no UK, Bridget Phillipson, propôs uma mudança no
currículo nacional. Em apoio à igualdade racial ao mesmo tempo em que saiu em
defesa da discussão na sociedade sobre os privilégios da branquitude, no gênero
feminino, a secretária Bridget ao que tudo indica vai comprar essa briga. Uma
das questões em voga na proposta é a inclusão da arte de países como a Nigéria,
Etiópia e o povo Aborígine na educação do reino[I].
Do
ponto de vista imperial que o Reino Unido exerceu pelo mundo, é um passo
interessante para o debate sobre os privilégios no contexto racial e de gênero.
No entanto, a discussão racial deve debater, quando se vale da educação, a
divisão da riqueza e a inclusão efetiva de condições iguais no processo decisório
em toda sociedade. Ao ponto, de representar o trabalho, enquanto sinônimo de
poder de consumo (e compra), sem a necessidade de sublocar seu lugar nesse
ponto bem interessante da educação. Por fim, esse debate é importante, desde
que não evite tratar da estrutura e das causas no entorno de tal mudança.
Desde
a escalada dos líderes da extrema-direita global, temas como imigração, família
nuclear tradicional (leia-se, homem e mulher, e filhos deste matrimônio), são
estimados de encontro com o debate proposto por Bridget Phillipson. Todavia, o êxito
do que li foi estimar o debate, por isso, acrescentei entre a boa ideia para o
debate algumas reflexões desde então.
O
ponto não excluído deste debate e que trago a luz do tema proposto, é o
trabalho. A precariedade do trabalho é global, e isso tem muito a ver com a
educação. Esse debate foi iniciado ainda nos anos 70, e tem um texto de Richard
Sennett, ‘The Corrosion of Character: The Personal Consequences of Work in the
New Capitalism’ e o texto de Michel Foucault ‘Biopoder’ caminhos para discutir
o trabalho em sua forma precária na atualidade. A questão do trabalho é de suma
importância para o contexto, pois, tanto as mulheres quanto os povos originários,
as nações que ela evocou para o ensino das artes africanas, não sobreviverão
sem trabalho, e um trabalho no seio da sociedade, é discutir esse tema.
Onde
quero chegar ao que li e ao que vi? Bem, para começo de conversa, é bom trazer
mais elementos da própria matéria para eu concluir meu argumento, que já posso
adiantar, tem haver com o neoliberalismo e principalmente com os bancos deste
país.
No
texto a narrativa é ligada ao desenvolvimento mais igualitário, além de manter
a questão de artes e designers no cerne dos argumentos. A crítica não ao debate
proposto, mas ao não dito desde a educação, principalmente nos ambientes de
poder, que a secretária se desloca como representante, fica a dúvida no que diz
respeito ao papel do parlamento para criar e praticar a fiscalização para que
estas leis sejam efetivamente cumpridas, sim ou não?
Então,
vem a minha questão: o neoliberalismo, os bancos ingleses, e com toda certeza
outros também, não tem nada a ganhar com a precariedade do trabalho? A precariedade
que está presente em todos os lugares do mundo - há ainda àqueles que se
enganam quando pensam que não existe pobreza nesses países ditos, desenvolvidos
– por acaso não foi fabricada para haver esse contexto?
Contexto em que os trabalhos são sem
direitos trabalhistas? São diminuídos em escala inimaginável, a propósito e com
a desculpa da tecnologia, para continuarem o 1% cada vez mais rico e o que
sobra da população cada vez mais pobre? Pois bem, o texto é muito interessante,
como foi dito em diversos momentos aqui.
O que fica como reflexão é o que fazer
para que o debate da desigualdade de dignidade humana possa vir à tona no
debate público? Falta de tudo, mas aproveitando o gancho que o texto lido e
comentado me deu, retorno a política da extrema-direita. Falta uma clara visão
dos interesses que certos grupos no poder representam, por isso eu repito sobre
o neoliberalismo, o processo de desindustrialização em países estratégicos, de
guerras eternas em outros países estratégicos, cadê a nossa dignidade humana,
eu perguntaria, cadê?
[I] Unions demand school teachers
‘challenge whitness’ in Euro-art. By Craig Simpson in The Dayly Telegraph.
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