By Milton Lima, 24-12-2024
Imprensados de uma vida intelectual
Afinal de contas, porque não somos mais
os mesmos, depois de uma bela refeição? Poderia ser uma forma engraçada de
falar de alimento, dizer que estive emprestado ao impresso que fui imprensado? Não,
isto não é nada cômico quando se trata de uma vida intelectual. O alimento como
figura assegura não à toa uma tônica de mensagem, que estranhamente calcula
estar no lugar certo na hora certa.
Robert Musil, autor com o qual guardo
boas lembranças de tempos em tempos, tem sido o escolhido com o qual revejo
onde deixei impresso os prensados que às vezes parece esquecido. Autores que
muitas vezes são esquecidos, de outrem aos que se alimentam de tudo menos o
mais imensurável, que está nos antigos. Afinal o que guardo que foi esquecido,
e mais, o que é isso de prensado que imprensa meu pensamento para escrever de
livros e autores, como alimento?
Preciso de tempo e algo que o momento nos
olhos de quem lê faz toda diferença. Preciso de reflexão de tudo que tenho
feito e de tudo que preciso fazer. A escolha do autor em si, para uma reflexão
tão rifada, me diz soar baixo o tom de voz. A voz que escolho trazer pode estar
ausente nos dias de hoje. Pode soar sem som mesmo, sem um som que encontre
ouvidos afinados para distinguir o que o fonoaudiólogo diria ser o começo de
tudo, entender o eco que grita sonoramente por letras. Então, do som precisaríamos
passar para o discurso e depois para retórica. Veja o quão isso tudo pode ser
confuso, e você curioso pelo alimento, por mais informação de Musil, e querendo
saber, onde irá chegar esse texto? Calma, vamos com calma. O mais interessante
desta passagem é seu ritual de passagem.
Ao ingressar na faculdade, você é
empurrado para as pilhas de textos. Embora cada curso tenha que seguir um padrão
e uma norma, são os detalhes nas entrelinhas que soam, tal como, ousam insinuar
o quão estamos longe do alimento. Então quem é familiarizado com filosofia, já
deve ter gostado da breve introdução. Desde a base da cultura e sociedade,
temas extremamente estudados nas ciências sociais, de qual venho de formação,
até a história da qual tenho me dedicado a seguir como profissão e uma forma de
alucinação pessoal de intransigência, eu diria, que o humano esteve nas trevas
e precisa encontrar as luzes.
Somente o iluminismo não daria conta de
alimentar os bárbaros, ou os gentis, quem sabe ainda os pagãos e talvez os hebreus,
mas peço calma a vocês, porque não cheguei à religião, não cheguei à ética que
Weber estudou no capitalismo, e muito menos quero criar uma ficção silenciosa
no barulho que esse texto pode causar. Ao tratar de alimento, creio que se
consome esse texto de duas uma, ou você é curiosamente otimista em procurar
saber mais ou você é pessimista ao ponto de levar seu precioso tempo à lida
deste texto que ao que tudo indica é sem pé nem cabeça. Mas como nada deve ser
por acaso numa narrativa, então devo começar a explicar ao que me refiro quando
trato do alimento, e do imprensado e cultivado saber que limita nos tempos de
hoje ao invés de expandir.
Antes de qualquer coisa, em ponto de
reflexão que possa interessar os mais curiosos, esse texto varia de forma e de
intenção, tem o limítrofe à saúde da literatura. A saúde da mente e a confusão
da generalização posta de vez em vez, de modo proposital, nada mal de lembrar,
é parte do todo. A palavra banal é apropriada palavra para saúde, e isso também
fica como subjetivo a cada um de vocês. O ponto da saúde da literatura vem como
diagnóstico para esse texto. Sem conhecimento, e isso não é dado somente aos prédios
que circulam os acadêmicos, dificilmente poderemos tratar da nossa saúde literária.
Musil, porque ele nos traz o boom deste
texto. Por alguns motivos, com os quais vou reparar a menção há alguns, tais
como, cultura, tecnologia, controle e vulnerabilidade que encontramos na espécie
dita a mais inteligente no universo. Quando li o texto escrito no livro “o
homem sem qualidades” de Musil, fiquei exausto por tanta verdade que li numa
obra, ao menos naquele momento sem expectativa por mim, de forma que a palavra
verdade me chegou junto às questões que intrigavam minha curiosidade, a ideia
de felicidade, a ideia de justiça, a ideia de um ser superior supremo, e o
homem no centro de tudo.
O estranhamento na palavra verdade, é
claro pra mim. E pela verdade muitos se foram em forma de mentira. O mais
interessante e cruel nesse momento em que o mundo é deslumbrantemente virtual,
traz consigo a este mundo o contexto que esse texto busca revelar, ou seja,
deixamos de ser medíocres com a internet. Mas o que somos isso vocês
responderão a cada questionamento que venha surgir póstumo esse texto.
Em breve devo trazer outros escritos no
original e alguns autores alemães devem aparecer com frequência em meus
escritos, uma vez que tenho me dedicado ao aprendizado deste idioma. O que fica imprensado no ar, na terra, e nas
letras?
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