Friday, January 24, 2025

As notícias que eu li na terceira semana de janeiro de 2025

 By Milton Lima

24 de janeiro de 2025



As escritas da minha manhã tendem a ser de rascunhos, e por hora eu as compartilho por fragmentos de leituras que eu fiz durante a semana. Desta vez a 3ª semana do que eu li no mês de janeiro está pautada por notícias que vem da Índia, Itália e França. O processo pelo qual faço a escolha do que espero informar, tem dois aspectos fundamentais que acompanham as postagens desta natureza. O primeiro aspecto é o que as imagens mostram e porque elas devem estar no texto e o segundo aspecto é o porquê mesmo em outros idiomas as notícias conversam entre si. Embora não seja muito formal explicar o caminho da escrita e sua escolha, vejo que é fundamental criar um espaço de reflexão com o público que chegou aqui.

Começando pela filosofia, é muito bom reler os grandes inspiradores de reflexão do nosso tempo, e sem a menor via de dúvidas Giorgio Agamben nos seus últimos três textos foi quem inspirou o meu retorno às leituras mais próximas no idioma italiano. Ele escreveu sobre bem e mal, república e conjuntura, além do último texto do ano de 2024, sobre o qual, trata do trabalho e da vida[1].

A honestidade intelectual faz muita diferença na construção das narrativas. Para o exercício da leitura crítica, e para poder informar o seu olhar diante a tantas notícias, vale sempre o bom senso de informar o recorte temporal do que estamos tratando. Por isso, ainda que em alguns destes fragmentos de leituras, tanto na França quanto na Itália, os jornais e revistas que eu li[2], terem abordado algumas notícias sobre o imperialismo 2.0 de Trump (USA), não devo focar no presidente recém eleito e empossado, para isso podem ler a série que escrevi aqui (sendo a terceira parte prevista para o último dia do mês de janeiro).


Itália



A verdade que muitos estão compartilhando é que o mundo já não é mais suportável. Essa visão bem pessimista da história do nosso tempo pode ser retratada pela alegoria de Platão. Mas, por falar em verdade, o que dizer do bem e do mal deste tempo, o que dizer da vida e do trabalho, e da conjuntura e república? Bem, primeiro devemos nos concentrar no que sabemos sobre nos mesmos, no que importa de verdade para nós e assim mantermos o bom senso.

Voltar à filosofia, para ser mais específico aos gregos, é um exercício que tenho feito com freqüência. E, por quase não expressar os desafios que lemos nas entrelinhas do mundo cada vez mais internado no espectro das big-techs, precisamos começar nossa conversa pela arte. A estética, a beleza, o mundo moderno em suas janelas sob medidas dos julgamentos sociais em redes conectadas, faz deste texto semanal um tanto diferente e reflexivo, dos outros, com um teor mais divulgativo. Antes que possa causar confusão, refiro-me aos textos com esse informe de leituras que eu li no mês de janeiro de 2025. Dado as devidas justificativas, vamos ao museu e depois paulatinamente podemos compreender o que Platão tem me instigado pensar.

O museu de arte moderna inaugurado em 1984 na Itália, fez dos 40 anos completos em 2024 um diálogo inédito entre a obra moderna e a arquitetura barroca. Estou me referindo ao Castelo di Rivoli (Torino) que traz como chamada na revista Bell’Italia um convite ao Castelo Incantato para este começo de ano de 2025. Em Milano, o destaque fica com o Museocity em sua nona edição, tal coleção promete diversas surpresas com obras inéditas para o público.

Na região de Siena em Toscana, o ano conta com a reabertura do museu de San Gimignano em Santa Chiara. Não faltam belas artes reproduzidas pela revista, e após algumas imagens já vistas no corpo deste texto, podemos continuar a nossa reflexão que sugiro começarmos de acordo com o filósofo italiano Giorgio Aganbem, a partir do “Estado de administração e o Estado de segurança”.



O filósofo italiano faz de sua reflexão sobre o bem e mal uma referência à inteligência artificial, da qual eu faço coro, quando pergunta se poderia a inteligência artificial substituir o intelecto do ser pensante, ou, o objetivo desta camada distribuída entre nós seria coisificar o bem para determinada personificação do bem estar tecnológico do nosso tempo?

A relação da arte e da cultura, da música, da literatura, encontra-se perdida nas redes sociais. E o fato de os museus na Itália abrigarem tantas obras e discussões que por vezes mal sabemos que existem, tem relação direta com o próximo tema lido e comentado a seguir na revista Internazionale. Que vai ao encontro com o Estado e a Segurança anteriormente levantados para a discussão.

Se por um lado os museus e as artes podem ser encontrados em diversos lugares do mundo, e as pessoas podem ter acesso a estes espaços, por outro lado estamos lidando com a inteligência artificial; com a privatização do tempo, que segundo uma reportagem da Internazionale, os norte-americanos passam cerca de, 19 horas ligados na TV. O que segundo a mesma foi aumentando progressivamente desde o final da pandemia. O contexto vale para diminuição da sociabilidade, como conversas em bares e restaurantes, substituídas por mensagens instantâneas.

França

O famigerado fórum econômico mundial (propositalmente em letras minúsculas) em Davos chama nossa atenção para nova e melhor forma de organização do trabalho: “Avec I’inlligence artificielle, l’organisation du travail doit êthre repensée”. O entrevistado pelo jornal Le Temps, o diretor geral do grupo Adecco, Denis Machuel, em diversas partes da entrevista ressalta a importância da tecnologia para sua empresa. Desde a escolha para publicação de anúncio da empresa até a contratação de funcionários, “Cela nous aide à faire lês choses plus rapidement, plus précisément, mais il y toujours um humain dans lê cycle de décision”.

Já no jornal Le nouvel Economiste a Inteligência Artificial (AI) ganha tanta importância quanto à mesma dada para o uso da água e da própria eletricidade. Isso não é imaginável no título do texto “Pour une IA competitive de la France et L’Europe”. A correspondente que escreveu o texto, em Libre Opinion, Anne Sophie Bordry destacou que ocorrerá em Paris no mês de fevereiro (6-11) de 2025 um encontro mundial “pour I’Action sur L’IA”. Chama os parlamentares franceses para participar do encontro. A ideia é conceder ao público do encontro, inclusive os parlamentares, uma visão de economia globalizada com ética e responsabilidade com a Inteligência Artificial, diz a matéria.

Índia

Na Índia o texto que eu destaco da revista The Week, é sobre as mães fundadoras da constituição. No processo de comemoração de 75 anos da república, o destaque do texto foi proeminente para memória e conhecimento histórico da história da república. Com toda certeza “Founding Mothers of the Constitution” ganha maior destaque ao trazer pelo menos 50 nomes de mulheres que foram importantes pela luta dos direitos feministas no país.

Entre os destaques da matéria está a primeira mulher a presidir a Constituent Assembly, Dakshayini Velayudhan.

Notas das leituras

Havia alguns temas que eu gostaria de ter abordado, que eu li em todos os materiais citados, no entanto, resolvi escalar e deixá-los para outro momento. São temas, a religião e a guerra (de alguma maneira está inclusa, pelo menos em parte, no último texto que devo escrever no início de fevereiro sobre a Palestina) e a nova era de ouro estampada pelo nem tão novo assim presidente norte-americano, Donald Trump. Mas conforme explicado, eu os retomarei em breve.

Se buscarmos na filosofia ou na nossa história recente da humanidade, a quantidade de informação que nos chega o tempo todo e a todo o momento, seja no computador, no celular, na televisão ou no rádio, não teremos precedentes. E, entre o poder e o trabalho, a leitura, ou mesmo o olhar global do mundo interconectado até a construção de que fazemos do mundo ao nosso redor há uma escala que a filosofia ajuda entendermos na arte da guerra.

Ainda que houvesse notícias da China para eu comentar, deixo-as para o último texto desta série, do que eu li em janeiro.

Mesmo não escrevendo sobre a China, é impossível não associar tecnologia (principalmente 5g) e Inteligência Artificial ao país oriental. E, a Ásia como um todo, ganhará espaço quando eu for tratar dos BRICS, em breve devo escrever algo sobre isso. De fato a arte da guerra é um dos livros mais lidos para entender o poder militar. E o texto de Agamben sobre o bem e o mal, poderia ser ligado aos textos lidos e comentados, na Itália, França e Índia. E de forma sucinta relembro o cuidado que devemos tomar com o poder político e de quem tem o acesso às ferramentas de controle. A ideia de democracia e república que vem do texto da Índia, pode ser muito complexa, tanto que volta ao que os cientistas políticos chamam por a ciência do poder. O chamado da França para AI, também é algo para pensar nesse ano, ética e responsabilidade no poder de quem mandam e obedecem quem tem juízo, terá para além da França a Europa um experimento de quem manda, caso Trump cumpra suas promessas. E voltando do início, a arte que os museus convidam na Itália é muito necessária para o nosso tempo. Vale a pergunta: o que lemos se nós somos o que comemos? O que somos se não reflete o que estamos fazendo da nossa história? A narrativa é construída, e parece que retornamos a caverna.





[2] Bell’italia (editoriale Giorgio Mondadori); Internazionale; Le Temps; Le nouvel Economiste; The Week (Republic Day, Special).  

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