By Milton Lima
01-08-2025
Um giro pelo mundo nesse primeiro de agosto, antes de
tudo, revelará que as notícias ainda que novas pareçam escalar as projeções e prognósticos
que temos feito para quem acompanha esse espaço de reflexão, não tem tanta
surpresa, salvo algumas exceções que começamos a discutir de antemão.
Vejam que o pouco que se fala na mídia hegemônica do
ocorrido em Gaza na Palestina, por Israel e no âmbito de terror, quando vem a mídia
se expressar, quase nunca o termo usado é o genocídio. Em alguns portais e
jornais independentes usa-se a palavra correta, genocídio, para tratar o
acontecimento. Portanto, ao findar o mês de julho e iniciar o mês de agosto, a
novidade é por parte de alguns países europeus, como no caso da França e mais
recente outro país da América do Norte, o Canadá, terem optado por reconhecer o
Estado da Palestina como um país independente (que o farão oficialmente em
setembro) e que essa seria a solução para o conflito no Oriente Médio.
O presidente dos Estados Unidos por sua vez usou suas
redes sociais para comentar que, caso o Canadá faça o que declarou seu
representante de governo, ele sofrerá sanções econômicas e mudanças nas relações
comerciais.
BRASIL/ÍNDIA/IRÃ
Os jornais pelo mundo tratam das tarifas que os
Estados Unidos lançaram contra o Brasil. A justificativa para a taxação se
coloca no campo político e os argumentos utilizados remetem para defesa dos
direitos humanos. Isso porque dizem que o presidente Jair Bolsonaro está sendo
perseguido pela corte da Justiça brasileira, no caso por um juiz, Alexandre de
Moraes. Esse é um argumento que os jornais noticiam o porque o país está
sofrendo esse duro ataque em relação ao comércio com os norte-americanos. O que
pouco se fala ou se lê por esses grandes jornais, é que se trata de um ataque
aos BRICs e que o Brasil se tornou um país não grato desde a cúpula realizada
no Rio de Janeiro - nos últimos dois meses, junho e julho. As notícias que
relatam as palavras de Trump como vistas abaixo, mostram suas movimentações políticas,
e um padrão pode ser identificado, quando ele fala da Rússia e da Índia,
revelando que os países do BRICs realmente serão alvos de uma retórica
agressiva por discursos do presidente. O conflito com o Irã passa por esse viés
quando a Rússia poderia enviar aos iranianos armamentos sofisticados.
IMIGRAÇÃO
A notícia do jornal francês Le Monde nesse primeiro de agosto revela uma dura realidade para os milhares de presos nos centros de detenção dos Estados Unidos. Trata-se de pessoas
que são consideradas perigosas ao Estado e para segurança pública. A denúncia
parte de uma organização não governamental (ONG) e retrata que as condições por
parte dos presos são precárias nesses lugares de detenção. Segundo a reportagem
e dados fornecidos pela instituição dos 181 centros de detenção, 85 estão com números
acima da sua capacidade. Outro dado revelado, é que 70% dos presos não têm
qualquer antecedente criminal.
O nome de “Alligator Alcatraz” foi batizado para um
lugar improvisado para receber esses imigrantes, de acordo com a reportagem, esse lugar a
AS REGRAS
DO JOGO DE TRUMP PARA O COMÉRCIO
O mapa acima exemplifica as novas regras do jogo
impostas por Trump. A taxa comercial cobrada aos países que negociam com os
Estados Unidos passou a ser cobrada nesse primeiro dia de agosto de 2025.
De acordo com a reportagem de Iker Seisdedos para o El Pais, a partir desta data o mundo
respira uma nova era. A era das taxas comerciais nunca vistas antes propostas
pelo presidente norte-americano. A chamada guerra comercial teve em seus
primeiros momentos um inimigo declarado asiático, trata-se do embate com a
China, mas esse inimigo econômico e que disputa a hegemonia da tecnologia com
os Estados Unidos, foi deixado de lado por uma visão do mundo globalizado. A
guerra comercial passou a marcar nos noticiários a temperatura do comércio
mundial com as novas regras impostas por Donald Trump.
A lista de países (34 sócios comerciais) que são
sujeitos às taxas a partir de agosto se concentra em dezenas de países
incluindo: Reino Unido, Vietnam, Japão, Filipinas, Coréia do Sul e Paquistão. Essa
lista é completada com 27 membros da União Européia (El Pais, 2025).
Entre os países citados pela matéria, China e México
continuam em negociação com os norte-americanos. O Brasil é o país que recebe a
maior taxação, 50% para a nova regra de Trump.
A nova era
amaldiçoada para América Latina
Die neue Fluchbewegung aus Lateinamerika a tradução livre para a matéria publicada pelo jornal
alemão Die Welt (O Mundo) remete a
questão migratória e aponta para uma fuga dos latino-americanos para Europa,
uma vez que as fronteiras com os USA foram fechadas.
Die USA haben ihre
Südgrenze abgeriegelt. Doch
Unfreiheit und Armut der Linksdiktaturen treibt weiter Millionen Menschen in
die Flucht - nun Richtung Europa Nas
palavras novamente em tradução livre, a reportagem remonta que tanto a pobreza
quanto as ditaduras provocadas pelas esquerdas são responsáveis por levarem milhões
de pessoas a fugirem destes países. A reportagem lança mão do gráfico abaixo.
Ao citar nomeadamente Cuba, Venezuela e Nicarágua, o
material publicado pelo jornal alemão credita o fator da imigração em massa
para os países vizinhos da América Latina, quando não aos Estados Unidos, pela
busca clara de fugir do socialismo destes países.
O que a reportagem traça em sua linha de raciocínio é
que a política migratória que Donald Trump adotou por fechar as fronteiras dos
Estados Unidos para esses imigrantes, não fez que tais pessoas desistissem do sonho
de buscar uma vida melhor longe daquelas ditaduras onde eram conduzidos por uma
violência estatal e que a democracia com eleições livres seria impensável. Corrupção
e hiperinflação são temas ligados aos governos socialistas e a demonização da
esquerda fica evidente pela matéria.
Por último a matéria considera o governo de Gustavo
Petro na Colômbia forçar a mudança dos imigrantes. Dados como uma grande
quantidade de colombianos mudando para a Espanha (aproximadamente 107 mil
pessoas) remete a preocupação da matéria com respeito aos imigrantes fugindo de
governos de esquerda na América Latina. Até o governo de esquerda assumir o
poder da Colômbia, o seu povo vivia com esperança, essa é a opinião do artigo.
Considerações
finais
Realmente o mês de agosto mostra uma tendência que já havia considerado no final do ano passado, antes mesmo do início do novo
governo de Trump. A extrema-direita ganha cada vez mais força nos meios
internacionais, a submissão do parlamento europeu e nítida tendência a ir para
guerra contra a Rússia, não só ficam claras com o aceite as negociações de
compras de armamentos dos Estados Unidos como do pagamento de cerca de 300% a
mais por energia, quebra principalmente a economia da Alemanha que era o motor
industrial da Europa. A guerra na Ucrânia e o boicote ao Nord Stream 2
(Gasoduto que fornecia aproximadamente 110 bilhões de metros cúbicos por anopara Alemanha), aceleraram a guerra híbrida na Alemanha, e os interesses do
jogo político parece ser a manutenção da vassalagem por parte dos políticos
europeus aos interesses norte-americanos.
Quando o tema se trata dos BRICs, a questão ganha
outra dimensão. O tema envolve articulação política e desenvolvimento estratégico
para movimentação de milhões de empregos em países cuja dimensão socioeconômica
não é discutida, por exemplo, na África. O Brasil como se tem notado com a
taxação é governado por um governo de esquerda. Lula ao visitar Cristina na
Argentina não imaginava que sua declaração à condição enfrentada pela política à
perseguição política, e sua prisão ser algo planejado para tirá-la do jogo, não
contava com a resposta vinda de Trump. Trump na oportunidade que teve de lançar
uma ofensiva contra o governo do petista no Brasil, usou quase da mesma lógica
de Lula, e defendeu seu colega da extrema-direita brasileira, Jair Bolsonaro de
ser vítima de perseguição política.
Esse primeiro de agosto começa movimentado e a tendência
é se manter assim nos próximos 4 meses que restam para o ano de 2025 terminar. À
primeira vista os fatos levam a crer que a estratégia de Trump em governar pela
defesa dos seus interesses políticos, a priori tem surtido efeito e que esse
jogo político internacional está apenas engrossando o caldo numa lógica
hobbesiana. Por último, mas não menos importante, a surpresa da matéria
publicada pelo jornal, O Mundo, na Alemanha demonstra que a guerra de narrativa
ainda nos discursos políticos continua em alta, e considerando que grande parte
da população consome apenas esses grandes meio de comunicação, pode-se concluir
que a opinião formada por grande parte dos grandes jornais defende um interesse
de classe evidente, ou seja, uma elite que defende a financeirização, que
aposta na especulação, e que com o sistema de juros e taxas de seus grandes
bancos, temem perder esse lugar. No entanto, a grande transformação está em
curso queira eles aceitar ou não, a mudança tem nome e rota, e o partido
comunista pouco atacado que lidera o desenvolvimento da China, tende a mostrar
que o socialismo com características chinesa, merece ser muito mais estudado e
divulgado para um debate no mínimo justo. Assim as leituras e discursos
continuam produzindo fantasias sobre o comunismo e escondendo as mazelas dos
fascismos em voga por todos os cantos do globo. Não existem inocentes que
defendam o que acontece em Israel para o tratamento ao povo palestino. Os
governos de extrema-direita estão no poder e suas políticas estão sendo
escritas nos livros de história, pena que muitos jornalistas com o papel e
poder de alcance de grandes massas, não ajudam a pensarmos esses governos e
suas políticas contra um inimigo comum, ou seja, todos que são contrários as
ideias destes governos, podem ser eliminados. A pergunta que fica como reflexão
é: seria essa democracia com esses governos de extrema-direita a guardiã da
liberdade? De qual ditadura esses senhores estão falando mesmo? Pensar continua
sendo uma arma que jamais devemos abrir mão de buscar.