Estamos Sonhando ou o Filme de Terror está só Começando?
Caros amigos (as), os dias de hoje são de esquecimento, dias de ditadura, onde nada é divulgado, ou melhor, tudo é censurado... Informações... Sim nós acompanhamos o que é de interesse da Audiência. Por que, os grandes empresários, donos dos veículos de comunicação, não se dispõem a investigar o que há de sujo nesse País. Quanto tempo, vamos ter que conviver com essas fontes, que divulgam apenas o que lhes convém. Até quando [...]. Alguns têm certeza, outros desconfiam, mas no fundo nós sabemos, é uma bola de neve, onde se obter o lucro, o famoso caixa 2, é mera coincidência de um pobre coitado, que nada sabia, que nada sabe, enfim vivemos e vemos a nossa sorte todos os dias.
No País do futebol, das Praias, do Samba, a Política é só um ato que sou obrigado, uma, quem sabe duas vezes em cada 2 anos ir exercer nosso papel de cidadão. Mas que ironia, brigamos por futebol, por samba, por qualquer outro assunto, que nos consideramos inclusos, mas a política... Essa é “Teatro, como o próprio, poucos conhece, poucos assiste, e o senso continua comum”. O senso crítico, esse é fácil de alcançar, por quanto que se tenha informação, a Política é a chave de todo o seu desempenho, o que dizer do nosso país, a Terra do futebol? Do samba?
Entretanto, olhamos daqui alguns anos, o que vemos... “Copa do Mundo no Brasil”, Temos condições para um evento desse porte, sinceramente, quem conhece e vive aqui sabe do que estou falando, mas quem não conhece precisa, ao menos saber. Vamos lá, dinheiro público, seria para gastar com quem? Acredito que esse dinheiro seria gasto conosco, o povo. Dizem que, o estado disponibilizará dinheiro público para construção de Estádios para a Copa, e pior justamente em São Paulo. O interessante saber, é que os próprios interessados poucos se interessam com o assunto. Alguns dias, São Paulo parou, os trens decretaram greve, as estações super lotação, o que o povo fez, apenas olhou, o País que mais arrecada imposto, é o País que menos investe em Transporte Público. Vamos sediar uma Copa, sim há muito dinheiro envolvido.
A Terra do futebol, do Samba, Brasil, quem diria esse ano 2011, considerado o ano das florestas, vemos o que Belo Monte, Código Florestal, um verdadeiro Carnaval. Amigos (as), quando o assunto não é conosco,não nos interessam, quanta morte verá, e ainda não vamos dar a devida atenção... “Quantas”...
No Brasil, somos um povo considerado sem opinião, por isso tantas coisas acontece, infelizmente ninguém está preocupado com o outro. Em âmbito geral, pode ser que isso é levado em conta, porém, no Brasil, esses números, ainda são os que eles precisam à Política, os corruptos, precisa desse povo sem opinião, sem senso crítico, e a informação é a chave de tudo. Agora qual o sentido, e aonde queremos chegar, precisamos entender o que é realmente levado em conta nesse País. Qual o índice de jogos de futebol, que passa todos os dias na TV? Época de Carnaval, a mesma pergunta? Agora, quantos debates vêm na TV, Sobre o Código Florestal? Belo Monte?
Aqui no Brasil, as pessoas esquecem rápido, porém assuntos como esses, não se deve jamais esquecer. O mundo não divulgou, se a imprensa não divulgou, aqui, após um esclarecimento o que realmente importa... “Relatos”...
José Roque dos Santos, 59 anos, e Maria do Socorro Diniz, 58 anos, o casal das fotos ao lado, não têm escolaridade, nem terra, nem futuro algum. São dois lavradores de Doverlândia, um município perdido de Goiás, de pouco mais de 7 mil habitantes.
À meia noite de segunda-feira, 23 de maio, o casal foi colocado dentro de um ônibus com outras 30 pessoas e, em troca de lanche e uma camiseta, que foram enviados pelo sindicato rural local para Brasília, a seis horas de viagem de lá. José e Maria se juntaram, então, a outras centenas de infelizes enviados à capital federal pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA) para, exatamente como gado tocado no pasto, pressionar os deputados federais a votar a favor do projeto de Código Florestal do deputado Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil. Conversei com o casal enquanto ambos, José e Maria, eram obrigados a segurar cartazes pela votação do texto de Rebelo, defendido por figuras humanas do calibre da senadora Kátia Abreu, do DEM de Tocantins, presidente da CNA, e do deputado Ronaldo Caiado, do DEM de Goiás, ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), velha agremiação de latifundiários de inspiração fascista.
José e Maria não sabem ler e nem têm a menor idéia do que é o Código Florestal. Quando lhes
Perguntei a razão do apoio ao projeto, assim me falaram:
José – Acho que vai ser bom pra nós e pros nossos netos, foi o que disseram.
Maria – É pra cuidar das terras, do futuro do Brasil.
Afora isso, não sabem nada. Nem uma pálida idéia do que é o projeto de Aldo Rebelo, muito menos o que é reserva ambiental e mata ciliar. Nada.
Os cartazes, me contaram, foram entregues por certo “Luís, do sindicato dos fazendeiros” de
Doverlândia, também responsável pela distribuição das camisetas da CNA. Eles foram embarcados em direção a Brasília sem chance de contestação. Os dois não têm um único centímetro de terra, mas trabalham na terra de quem manda, no caso, um fazendeiro da região.
Enfrentaram um frio de 9 graus na viagem até Brasília, tomaram café com leite e pão em barraquinhas armadas em frente ao Congresso e, quando os encontrei, tomavam conta da fila de doces, frutas e confeitos que a CNA havia preparado na entrada da Câmara dos Deputados para impressionar a mídia. Tinham esperança de conseguir um almoço de graça e se mandar de volta para Doverlândia, às 17 horas de terça-feira, dia 24, a tempo de dormir em casa. Triste ilusão.
As gentes usadas como gado pela CNA para garantir a aprovação do projeto de um comunista ficaram enfurnadas no Congresso até tarde da noite, famintas e exaustas, obrigadas a se espremer nas galerias e a servir de claque contra os opositores do Código Florestal. E, é claro, a aplaudir Ronaldo Caiado.
Que essa perversão social ainda exista no Brasil, não me surpreende. Há anos tenho denunciado como repórter, esse estado de coisas.
O que me surpreendeu mesmo é que os deputados do PCdoB não tenham se retirado do plenário, senão por respeito a José e Maria e à história do partido, mas ao menos por vergonha de serem cúmplices da miserável escravidão a que o casal de Doverlândia e seus companheiros da terra foram submetidos em troca de lanches e camiseta. Fonte: LEANDRO FORTES.
NOTA DE MORTE ANUNCIADA 24/05/2011
A história se repete!
Novamente, choramos e revoltamo-nos: Direitos Humanos e Justiça são para quem neste país?
Hoje, 24 de maio de 2011, foram assassinados nossos companheiros, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assentados no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna – PA.
Os dois foram emboscados no meio da estrada por pistoleiros, executados com tiros na cabeça, tendo Zé Cláudio a orelha decepada e levada pelos seus assassinos provavelmente como prova do “serviço realizado”.
Camponeses e líderes dos assentados do Projeto Agroextratista, Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (estudante do Curso de Pedagogia do Campo UFPA /FETAGRI/ PRONERA), foram o exemplo daquilo que defendiam como projeto coletivo de vida digna e integrada à biodiversidade presente na floresta. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, os dois viviam e produziam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% eram de floresta preservada. Com a floresta se relacionavam e sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas, como cupuaçu e açaí. No projeto de assentamento vive aproximadamente 500 famílias.
A denúncia das ameaças de morte de que eram alvo há anos alcançaram o Estado Brasileiro e a sociedade internacional. Elas apontavam seus algozes: madeireiros e carvoeiros, predadores da natureza na Amazônia.
Nem por isso, houve proteção de suas vidas e da floresta, razão das lutas de José Cláudio e Maria contra a ação criminosa de exploradores capitalistas na reserva agroextrativista.
Tamanha nossa tristeza! Desmedida nossa revolta! A história se repete! Novamente camponeses que defendem a vida e a construção de uma sociedade mais humana e digna são assassinados covardemente amando daqueles a quem só importa o lucro: MADEREIROS e FAZENDEIROS QUE DEVASTAM A AMAZÔNIA.
ATÉ QUANDO?
Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?
Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?
Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos lideres?
Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?
Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?
Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade ainda tem que conviver com a barbárie?
Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, RESPONSABILIZAMOS O ESTADO BRASILEIRO – Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal – E COBRAMOS JUSTIÇA!
ESTAMOS EM VÍGILIA!!!
“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”
Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.
Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo
UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo; Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra – MST/ Pará; Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura –
FETAGRI/Sudeste do Pará; Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar –
FETRAF/ Pará; Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB; Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá;
Via Campesina – Pará; Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará.