Friday, October 6, 2017

Relato sobre a morte com Montaigne


Relato para os pensadores: 1º da série os autores na morte



Eles estão vivos



“A filosofia como preparação para morte”.

Platão



“Filosofar é aprender a morrer”.

Michel de Montaigne

            Além do título: os autores na morte - é bom salientar: que eles estão vivos. Também é possível entendê-los vivos em nosso tempo presente, assim como a filosofia ensina: como é lidar com a morte, Montaigne ensina o que é gratuito à tradição. E voltar ao deleite das leituras como potência, como experimento, como audácia de escrever além do nosso tempo, é compreender de que morte e que vida queremos tecer, entender, questionar à maneira de Montaigne nos ensaios.



            Nosso autor é contemporâneo de muitos autores do Renascimento, época essa que o mundo tal como tomamos contato na história fora modificado.



Salvador Dali – A persistência da memória, de 1937. [1]



“Assim, leitor, sou eu mesmo a matéria do meu livro; não é sensato que empregues teu lazer em assunto tão frívolo e vão”.

Michel de Montaigne



            Ao conversar com amigos, eu que vós escreveis; comentá-lo-ei de modo a não deixar dispersar tanta experimentação na leitura. Nosso ponto de encontro (eu e os amigos) quando não temos um ao outro, em um café no aconchego da vossa adorável presença, temos àquela conversa ao fio, que nos tece a tecnologia, mas como velhos arcaicos: muito de nossos papos é sobre literatura, filosofia, sobretudo da morte. Então com os livros e as experiências estamos aqui falando de Michel de Montaigne. A revista Cult em Março de 2017, lançou o dossiê: ensaiar a própria vida Montaigne Filósofo. No artigo de Telma de Souza Birchal tem a seguinte passagem “Dos livros”: “Aqui estão minhas fantasias, pelas quais não procuro dar a conhecer as coisas, e sim a mim mesmo” (p.20).



Salvador Dali, da vaidade, de 1947. [2]





“Não pinto o ser. Pinto a passagem [...] É preciso ajustar minha história ao momento”.

Michel de Montaigne



            É persistente de minha parte dizê-los mais uma vez: viva a morte! Quando procuro esse olhar para si, falo de mim, mas também dos outros, e se há vida é porque houve morte. Se não quiser ir muito longe, veja-a na própria alimentação, nosso autor escreve um lindo ensaio sobre os canibais, porém, se quiserem avançar quatro séculos; em meados do século 20, surgira a expressão antropofagia e com ela, a volúpia de aproveitar o que é bom e regurgitar o resto que é mal “pintar-se a si mesmo é pintar algo que adquire uma figura” (p.21).



“Dos Livros”: “Que não se dê atenção às matérias, mas à maneira como delas trato”.

Michel de Montaigne



 


Salvador Dalí: Aparição da face e um vaso na praia, 1938. [3]


Milton Lima.

[1]Disponível em: <http://www.ver.pt/wp-content/uploads/2015/09/hp_24092015_ApersistenciaDaVida.jpg>
[2] Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/90/1f/b7/901fb71efac90dcdb4a8ec913683a630.jpg>
[3] Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/85/43/c5/8543c5d8f197e82e143d7b0145cb4ba7.jpg>

Sunday, October 1, 2017

Monólogo olhos (101)

Olhos



Ao contrário: não há coragem.

Invasão e nenhuma cor.

Horizonte ou repetição.

Olhos...



Requer o guardanapo.

Êxtase de água.

Gelo que derrete.

Olhos...



Jogo e competição.

Nada em troca.

Acaba a interpretação.

Olhos...



O que devo ler?

Porque uma carta?

Quando encontro os coloridos...

Olhos...



Sem branco, resta o preto,

Binário e histórico,

De puro prazer.

Olhos...



De tormenta, de sensação

Que se vai encontrar

No caminho perdido.

Olhos...



Extremo de perdas longínquas.

Olhos...



São de quem?

O nada responde: são de tudo.

Olhos...



Milton Lima. 01-10-2017


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