Relato para os
pensadores: 1º da série os autores na morte
Eles estão vivos
“A
filosofia como preparação para morte”.
Platão
“Filosofar
é aprender a morrer”.
Michel
de Montaigne
Além do título: os autores na morte - é bom salientar:
que eles estão vivos. Também é possível entendê-los vivos em nosso tempo
presente, assim como a filosofia ensina: como é lidar com a morte, Montaigne
ensina o que é gratuito à tradição. E voltar ao deleite das leituras como potência,
como experimento, como audácia de escrever além do nosso tempo, é compreender
de que morte e que vida queremos tecer, entender, questionar à maneira de
Montaigne nos ensaios.
Nosso autor é contemporâneo de
muitos autores do Renascimento, época essa que o mundo tal como tomamos contato
na história fora modificado.
Salvador Dali – A persistência da
memória, de 1937. [1]
“Assim,
leitor, sou eu mesmo a matéria do meu livro; não é sensato que empregues teu
lazer em assunto tão frívolo e vão”.
Michel
de Montaigne
Ao conversar com amigos, eu que vós
escreveis; comentá-lo-ei de modo a não deixar dispersar tanta experimentação na
leitura. Nosso ponto de encontro (eu e os amigos) quando não temos um ao outro,
em um café no aconchego da vossa adorável presença, temos àquela conversa ao
fio, que nos tece a tecnologia, mas como velhos arcaicos: muito de nossos papos
é sobre literatura, filosofia, sobretudo da morte. Então com os livros e as
experiências estamos aqui falando de Michel de Montaigne. A revista Cult em
Março de 2017, lançou o dossiê: ensaiar a própria vida Montaigne Filósofo. No
artigo de Telma de Souza Birchal tem a seguinte passagem “Dos livros”: “Aqui
estão minhas fantasias, pelas quais não procuro dar a conhecer as coisas, e sim
a mim mesmo” (p.20).
Salvador Dali, da vaidade, de 1947. [2]
“Não
pinto o ser. Pinto a passagem [...] É preciso ajustar minha história ao
momento”.
Michel
de Montaigne
É persistente de minha parte
dizê-los mais uma vez: viva a morte! Quando procuro esse olhar para si, falo de
mim, mas também dos outros, e se há vida é porque houve morte. Se não quiser ir
muito longe, veja-a na própria alimentação, nosso autor escreve um lindo ensaio
sobre os canibais, porém, se quiserem avançar quatro séculos; em meados do
século 20, surgira a expressão antropofagia e com ela, a volúpia de aproveitar
o que é bom e regurgitar o resto que é mal “pintar-se a si mesmo é pintar algo
que adquire uma figura” (p.21).
“Dos
Livros”: “Que não se dê atenção às matérias, mas à maneira como delas trato”.
Michel
de Montaigne
Salvador Dalí: Aparição da face e um
vaso na praia, 1938. [3]
Milton Lima.
[1]Disponível
em: <http://www.ver.pt/wp-content/uploads/2015/09/hp_24092015_ApersistenciaDaVida.jpg>
[2]
Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/90/1f/b7/901fb71efac90dcdb4a8ec913683a630.jpg>
[3]
Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/85/43/c5/8543c5d8f197e82e143d7b0145cb4ba7.jpg>