Resta-me fantasiar o amanhã
Por Milton Lima 02-03-2021
No mundo do esquecimento, é tão difícil guardar o
que se quis ser, e tudo parece ser cheio e coberto de vazio e fantasia neste
compasso de tempo. A imaginação a flor da pele busca no profundo ser, tudo ou
nada daquilo que lhe resta, ou o que resta de um fio de esperança.
É difícil imaginar um fim, mas na história humana
sempre se procurou sua amostra feliz, até que seu fim chegasse feliz. Mas se
pensar que todo final é sui generis pintado como um novo início, então me
parece que estão sempre nos convidando para viver o amanhã, que por mais longe
que pareça, dirão que ele o fará feliz. Por isso tal indagação o que me
restaria senão: fantasiar o amanhã?
É respeitoso repetir que não se vive o amanhã sem
as conseqüências de hoje. Logo, o que mais se quer em tempo de vida é conhecer,
e o mais intenso e buscado por muitos de nós, é conhecer o amor, mas não
qualquer um, só nos serve o amor verdadeiro. Voltemos da fantasia feliz, para a
palavra que também é sui generis deste caminho fantasioso que nos fizeram
acreditar, sim voltemos à mentira chamada verdade. Resta-me fantasiar o amanhã,
para dizer que não é mentira o que vai acontecer.
Então o que aconteceu com o amor, é fácil responder
ele se perdeu em algum dado momento e nem todo mundo quer realmente encontrá-lo
como essência. Parece-me que o procuram para preencher o vazio de cada qual, e
não pensam que ele jamais virá pela metade, ou seja, o amor é inteiro e sê-lo
depende do que espera de ti. Antes de fantasiar a verdade ou a mentira,
poderíamos retornar àquela infância que tudo era simples e, fácil de amar. Estar
consigo inteiro pode não ser uma resposta para o amanhã, no entanto, é o que
sugiro para hoje, como se não houvesse o amanhã, é preciso amar-se, a lá legião
urbana: resta-me o sim – amar-me. Sim eu me aceito fantasioso, com defeitos, e
amante do ontem, para o amor hoje: resta-me fantasiar o amanhã.